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"Vou escravizar estas vadias": reveladas novas provas contra irmãos Tate

Os irmãos Tate, influencers que difundem mensagens misóginas na Internet, vão ser julgados na Roménia. As autoridades preparam a acusação contra os Tate e, num documento com 300 páginas, reuniram mensagens escritas e de voz que indiciam a coação de várias mulheres para esquemas sexuais controlados pelos próprios. Obrigavam-nas a trabalhar várias horas e, segundo os procuradores, eles ficavam com a maior parte do lucro.

"Vou escravizar estas vadias": reveladas novas provas contra irmãos Tate
INQUAM PHOTOS

Foram divulgadas esta quarta-feira novas mensagens e transcrições de áudio que implicam os irmãos Andrew e Tristan Tate, que estão a ser julgados na Roménia. As provas foram reveladas pela BBC, que teve acesso mais de 300 páginas com transcrições e testemunhos das vítimas dos irmãos Tate.

Andrew Tate, o irmão Tristan e duas mulheres de nacionalidade romena estão a ser investigados por suspeitas de abusos cometidos a sete mulheres. As acusações têm sido sempre negadas pelos detidos. Os procuradores romenos afirmam que os irmãos Tate atraíam as vítimas, seduzindo-as e alegando que queriam ter um relacionamento ou até casar com elas.

Estas mulheres eram posteriormente submetidas a violência física e psicológica e coagidas para produzir conteúdos pornográficos. As autoridades acreditam que através deste esquema foram geradas elevadas quantias de dinheiro, às quais as mulheres recrutadas não tinham acesso.

Os promotores defendem que o dinheiro ganho pelas mulheres em plataformas como o OnlyFans, utilizadas para divulgação de conteúdos pornográficos, era controlado por Georgiana Naghel, uma das réus no processo.

De acordo com os documentos a que a BBC teve acesso, as mulheres recebiam apenas uma quantia do dinheiro gerado nas suas contas. Por exemplo, no caso do TikTok, dizem que os irmãos Tate ficavam com 50% da receita.

Áudios de 2020 dão força a estes testemunhos. Num deles, ouve-se Tristan Tate a dizer que não queria que as mulheres de sites como PornHub e OnlyFans tivessem acesso às suas contas.

“Não quero que eles tenham as senhas, não quero que eles tenham nada. (…) Não quero dizer-lhes que têm OnlyFans, quero que o dinheiro seja usado por mim e por vocês. (…) Vou escravizar essas vadias. Vou fazer com que trabalhem cada vez mais horas, horas e horas. Trabalho escravo. No mínimo, dez a 12 horas por dia”.

Andrew Tate também está a ser investigado por uma alegada violação. O influencer, que ficou conhecido por produzir conteúdos misóginos, terá obrigado uma mulher a despir-se, desferindo-lhe depois “uma chapada na cara”. Durante o abuso, ele terá sido fisicamente agressivo e terá ameaçado a vítima de que a engravidaria e a fecharia numa casa.

Numa entrevista à BBC, Andrew Tate negou todas as acusações, alegando que o “caso foi fabricado”. Espera-se agora um julgamento polémico, que levará os holofotes internacionais até Bucareste, na Roménia. As autoridades continuam a investigar os irmãos Tate e possíveis ligações a crimes de tráfico de menores e branqueamento de capitais.

Os irmãos Tate foram detidos na sua casa em Bucareste a 29 de dezembro. Depois de três meses detidos, a 31 de março, passaram para prisão domiciliária.