Andrew Tate está no radar da justiça romena por violação e tráfico humano. São acusações que o polémico influencer sempre negou e, agora, teve a oportunidade de expor a sua opinião e, a seu ver, os factos da história, numa entrevista à BBC. Para além da investigação criminal que ainda decorre, as ideologias e comentários controversos que fazem parte da imagem de Andrew Tate também foram abordados na entrevista que decorreu na sua mansão, em Bucareste. O famoso influencer e o seu irmão, que também foi detido em dezembro do ano passado, estão a cumprir prisão domiciliária até ordem judicial em contrário, após três meses na cadeia romena.
À BBC, Andrew Tate nega alimentar uma cultura de misoginia e reforça a sua inocência, defendendo a sua reputação numa entrevista que durou cerca de 40 minutos.
Recorde-se que a televisão britânica BBC tem seguido atentamente o caso de Andrew Tate desde a sua detenção na Roménia, a 29 de dezembro de 2022. Aliás, a estação televisiva recolheu os testemunhos de duas jovens romenas, alegadas vítimas de Andrew Tate e do seu irmão, que revelaram o seu modus operandi.
Acusações criminais
Os irmãos Tate estão acusados de explorar mulheres, influenciando-as a criarem conteúdos pornográficos, e de violação. Apesar de várias jovens terem exposto os crimes de Andrew e Tristan e de os terem denunciado, à BBC o influencer nega todas as acusações.
Vai mais longe e garante que a investigação vai ditar a sua inocência.
“Temos uma investigação criminal aberta, tenho a certa absoluta, absoluta, de que serei considerado inocente (…) nunca magoei ninguém, o caso movido contra mim é completa e totalmente fabricado e nunca serei considerado culpado de nada”, reconhece.
Andrew Tate diz que recebe instruções de Deus para “fazer o Bem”
Andrew Tate, um influencer considerado misógino e promotor de ideologias sexistas nas redes sociais, afirma na entrevista que é uma “força para o Bem” e defende que age sob “instrução de Deus para fazer boas coisas”.
Tate montou uma espécie de “cruzada contra as mulheres” nas redes sociais para os mais de 6,7 milhões de seguidores (no Twitter), muitos deles jovens, o que é, para muitas organizações que defendem os direitos humanos, preocupante. Mas o promotor nega alimentar uma cultura de misoginia, considerando esta acusação “absolutamente lixo”.
“Eu proclamo trabalho árduo, disciplina. Eu sou um atleta, eu proclamo antidrogas, eu proclamo religião, eu proclamo nenhum álcool, eu proclamo não ao crime. Cada problema com a sociedade moderna eu sou contra”, afirma.
Em sua defesa, admite que alguns dos seus comentários foram retirados de contexto ou destinados a serem interpretados como piadas, sarcasmo ou “conteúdo satírico”, incluindo uma discussão na qual refere que as partes íntimas de uma mulher pertenciam ao seu parceiro.
Andrew Tate sobre manipulação emocional de mulheres
A repórter da BBC questiona Andrew Tate sobre a manipulação emocional de mulheres praticada e sugerida por este, recorrendo a declarações escritas pelo influencer no seu site, que acabou por ser retirado da web.
No site, que servia como uma espécie de “curso”, o homem de 36 anos autointitulou-se “a pessoa mais competente em todo o planeta” e "vestiu" o papel de instrutor de relações entre homem e mulher, que consistiam no seguinte esquema:
“Conhecer uma rapariga, ter alguns encontros com ela, dormir com ela, fazer com que se apaixone por ele a ponto de fazer qualquer coisa que ele pedisse e depois colocá-la numa webcam para ficarem ricos juntos".
Confrontado com isto, Andrew Tate, nitidamente irritado, afirma que “nunca disse isso”.
"Eu não acredito que foi isso que disse pessoalmente. Nunca disse isso. Foi algo que encontraste online, não significa que fui eu que o disse. Mais uma vez, se alguma mulher no planeta tiver um problema comigo, recomendo fortemente que ela vá à polícia e que apresente queixa”.
“Sophie” foi fabricada pela BBC, defende Andrew Tate
Uma antiga namorada de Andrew Tate expôs os contornos da sua relação com o influencer e revelou à BBC que este a encorajou a trabalhar na sua “empresa de webcam” antes de se tornar controlador e violento.
“Sophie” foi o nome dado à whistleblower para sua proteção e está neste momento a cooperar com as autoridades romenas na investigação contra os irmãos Tate. Todavia, para Andrew Tate, essa “Sophie” é uma personagem “imaginária” e fabricada pela televisão britânica.
“Essa imaginária ‘Sophie’ acusou-me de algum crime?”, questiona Andrew Tate à jornalista da BBC, numa altura em que a entrevista sobe de tom.
Sem responder à questão, a jornalista Lucy Williamson insite numa tentativa de fazer Andrew Tate responder, o que deixou Andrew Tate claramente incomodado.
"Mas tu não mandas aqui, porque eu deixei-te entrar na minha casa (...) Tu não entras aqui com uma posição autoritária. Eu é que te estou a fazer um favor, como um legado dos media, dando relevância ao falar contigo”, sublinha Andrew Tate.
Depois da entrevista…
Segundo a BBC, Andrew Tate aceitou ser entrevistado de livre vontade e não impôs qualquer condições. Aliás, recebeu um documento no qual estavam os tópicos que seriam colocados em cima da mesa com o intuito deste estar a par e se preparar.
No fundo, não houve qualquer tipo de “emboscada” contra Andrew Tate. No entanto, depois da entrevista, o influencer recorreu ao Twitter para afirmar que “não guarda ressentimentos contra a BBC ou qualquer jornalista que tente mentir sobre ele”.