O Presidente da República avisa que, apesar do desconfinamento criar uma sensação de "alívio definitivo", o caminho que se segue "vai ser muito trabalhoso". Quer que esta seja a última renovação do estado de emergência, mas não deu como certo que tenha sido. Admitiu ainda a possibilidade de confinamentos locais, se for necessário.
Na comunicação ao país, lembrou que os portugueses respondem "sempre com coragem e solidariedade" e encontram "caminhos notáveis" quando a "economia e a sociedade sofrem". Realçou também que, numa altura em que há "obstáculos" no "fornecimento e avaliação de vacinas" contra a covid-19, os mais idosos já estão vacinados.
O chefe de Estado disse também que a pandemia ainda "vai dar trabalho (...), sobretudo nas áreas em situação mais crítica", e "vai dar trabalho nos números da economia". No entanto, acrescentou:
"Mais complicado que os números da economia é a situação das pessoas. É fundamental ter a noção de que o que ficou e fica nas suas cabeças e nas suas relações com os outros pesa muito. As solidões dramáticas dos mais idosos, para quem vai uma palavra especial. Dos institucionalizados e não institucionalizados. Agora que, vacinados, já podem receber visitas e sair. As marcas na vida pessoal, familiar e profissional de todos, com crises (...). As desorientações em milhares de estudantes a requererem tempo para digerirem tantos choques. O agravamento na pobreza, nas desigualdades e nas injustiças (...)", afirmou.

Possibilidade de confinamentos locais "para um verão e um outono diferentes"
A partir do Palácio de Belém, em Lisboa, o chefe de Estado disse que, em 2021, terá de haver uma reconstrução social, "sustentada e justa", depois do agravamento da pobreza e das desigualdades por causa da pandemia. E afirmou esperar que o estado de emergência esteja a caminhar para o fim. No entanto, não deu como certo que esta seja a última renovação e pediu "mais um esforço".
"Portugueses, hoje quero, sobretudo, pedir-vos ainda mais um esforço, para tornar impossível o termos de voltar atrás, para que o estado de emergência caminhe para o fim, para que o desconfinamento possa prosseguir sempre com a segurança de que o calendário das restrições e os confinamentos locais, se necessários, garantem um verão e um outono diferentes", referiu.
"Estamos a entrar no que desejamos que venha a ser o começo da ponta final"
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou também as vítimas mortais da pandemia e pediu que os portugueses "olhem mais para o futuro", para a reconstrução da "vida de todos", e que cuidem "dos que ainda sofrem".
"Estamos a entrar no que desejamos que venha a ser o começo da ponta final do período mais difícil desde a crise espanhola, em termos de saúde pública", referiu, acrescentando que a pandemia provocou mais mortos do que na Grande Guerra ou nas lutas africanas de há 60 anos.
Esta é a 15.º vez que o Presidente da República decreta o estado de emergência no atual contexto de pandemia.
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