O cabeça de lista da coligação Novos Tempos à Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), considerou esta sexta-feira "muito grave" a falta de responsabilidade política de Fernando Medina (PS) sobre a divulgação de dados de ativistas à Embaixada da Rússia.
"Fernando Medina não assumiu nenhuma responsabilidade e um líder assume as responsabilidades das suas equipas, portanto, o não assumir da responsabilidade política, e não estamos aqui a falar de um caso qualquer, estamos a falar de um caso em que estão vidas humanas em jogo, e não assumir essa responsabilidade política é muito grave", declarou o candidato da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança) à presidência da Câmara Municipal de Lisboa.
Numa conferência de imprensa na sede distrital de Lisboa do PSD, para reagir à apresentação dos resultados da auditoria realizada pela Câmara de Lisboa após ser conhecido o caso da divulgação de dados de ativistas à Embaixada da Rússia, Carlos Moedas defendeu que a resposta dada por Fernando Medina "é inaceitável", nomeadamente a decisão de acabar com o gabinete de apoio ao presidente da câmara.
"Por outro lado, vai instituir a norma de 2013 que já estava em vigor e que o presidente nunca respeitou, ou seja, não é mudar nada, é apenas ter alguém que gere a câmara", afirmou o social-democrata, acusando o autarca socialista de falhar na gestão municipal e de estar a exercer funções "como espectador a observar o que está mal e, depois, é comentador político, a comentar aquilo que ele próprio deveria estar a fazer como presidente da câmara".
Carlos Moedas defendeu ainda que o caso da partilha de dados pessoais de ativistas exige mais do que uma auditoria interna, a que apelidou de "uma auditoria interna apresentada pelo visado", propondo "uma auditoria externa, porque há muitas perguntas", inclusive saber o detalhe de todas as comunicações que foram feitas no caso de outras manifestações.
- Envio de dados de ativistas. Fernando Medina e Carlos Moedas trocam acusações
- Envio de dados de ativistas a Moscovo. Carlos Moedas acusa Medina de mentir
"Pedido de demissão é demagogia e número político"
Na conferência de imprensa para apresentar os resultados prelimares da auditoria Fernando Medina avançou uma explicação para não se demitir, como exige Carlos Moedas.
Sem nunca referir o nome do adversário acusou-o de demagogia e de fazer um "número político".
"Pedido de demissão é demagogia e número político", diz.
Questionado sobre a posição de Fernando Medina de que não faz sentido apresentar a demissão agora para se apresentar depois às eleições autárquicas, que devem ocorrer entre setembro e outubro, o candidato social-democrata interpretou como um "assumir que se deve demitir, mas dizer que o 'timming' dessa demissão não é certo para o plano político dele".
"É triste que um presidente da câmara no fundo esteja a dizer que se deveria demitir, mas como faltam três meses não vale a pena", expressou.
Sobre a exoneração do responsável pela proteção de dados na Câmara de Lisboa, o candidato pela coligação Novos Tempos disse que "não é isso que vai resolver o problema", acrescentando que "essa demissão não resolve um problema que é um problema de responsabilidade política".
- Direita pede demissão de Medina e esquerda considera grave envio de dados para a Rússia
- Envio de dados de ativistas russos. Carlos Moedas insiste na demissão de Medina
Aumento de casos em Lisboa
O candidato do PSD à câmara de Lisboa responsabiliza Fernando Medina pela situação atual da pandemia na cidade. Carlos moedas diz que falta planeamento às decisões da autarquia.
Relativamente à proibição de circulação de e para a Área Metropolitana de Lisboa (AML) entre as 15:00 desta sexta-feira e as 06:00 de segunda-feira, o social-democrata disse que a medida "mostra a inação e mostra a incapacidade" do atual presidente da Câmara de Lisboa, por falta de um plano para combater a pandemia de covid-19, inclusive após os festejos do Sporting e de preparação para se poder assistir aos jogos de Portugal no Euro2020 de futebol.
Se estivesse no lugar do presidente da câmara da capital, Carlos Moedas "tinha apresentado, logo no dia a seguir aos festejos do Sporting, um plano de contingência para Lisboa para evitar que economia se fechasse".
- Restrição na AML. Ordem dos advogados diz que é inconstitucional, mas Governo recusa que seja ilegal
- Trabalho, saúde ou motivos familiares são exceções à circulação de e para a Área Metropolitana de Lisboa
- Governo recusa inconstitucionalidade nas restrições à circulação na Área Metropolitana de Lisboa
- Ordem dos Advogados diz que medidas para Área Metropolitana de Lisboa são inconstitucionais
- "Não é de medidas incoerentes que o país precisa", diz Jerónimo sobre Área Metropolitana de Lisboa
- Chega vai recorrer aos tribunais para "reverter decisão de encerrar" a Área Metropolitana de Lisboa