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Joe Berardo detido. Ministério Público acredita que há perigo de fuga 

Haverá também risco de continuação da atividade criminosa.

Joe Berardo detido. Ministério Público acredita que há perigo de fuga 
ANTÓNIO COTRIM

O Ministério Público acredita que há o risco de Joe Berardo fugir, de continuar a atividade criminosa e de concertar versões com dirigentes da banca e figuras da polícia, envolvidos nos esquemas que estão a ser investigados.

Ao que a SIC apurou, os procuradores vão defender no interrogatório judicial que terá de ser aplicada uma medida de coação mais gravosa que o termo de identidade e residência.

Os investigadores entendem que o perigo de fuga está relacionado com as ligações de Joe Berardo à Africa do Sul, Arábia Saudita, Estados Unidos da América, Austrália e Canadá, e que a elevada rede de relacionamentos pode ser um risco para a conservação da prova.

As medidas de coação no âmbito do chamado "caso CGD" serão conhecidas na manhã desta sexta-feira, pelas 09:00, pelo que o empresário passará mais uma noite detido.

O interrogatório durou cerca de 45 minutos e a SIC sabe que apesar do empresário ter "muita vontade em falar", foi aconselhado a não o fazer.

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MP acredita que Berardo dissipou património e dinheiro de forma fraudulenta

O apartamento, na Avenida Infante Santo, em que Joe Berardo vive, está avaliado em mais de dois milhões de euros. Trata-se de um dos ativos que a Caixa Geral de Depósitos tentou penhorar devido às dívidas vencidas e nunca pagas pelo empresário.

Contudo, o imóvel foi vendido em 2008 à empresa Atram, uma sociedade imobiliária também já constituída arguida e da qual Berardo era e ainda é presidente do conselho de administração.

A transferência da propriedade permitiu libertar o imóvel do património pessoal do empresário numa altura em que já tinha avultadas dívidas à banca.

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Em junho de 2019, o Tribunal determinou o arresto de dois apartamentos, o da Avenida Infante Santo e outro na Lapa. O arresto foi feito a pedido da Caixa Geral de Depósitos, com recurso a uma figura jurídica raramente utilizada pelos tribunais e que poderá permitir o arresto de outros bens do empresário madeirense.

Joe Berardo sempre negou ter dívidas pessoais e património, sendo que o máximo que garantia possuir era uma simples garagem na ilha da Madeira.

PREJUÍZO É DE QUASE MIL MILHÕES À BANCA

Joe Berardo foi detido na terça-feira no âmbito de uma investigação aos empréstimos ruinosos da Caixa Geral de Depósitos. Passou as últimas duas noites na prisão anexa à Polícia Judiciária.

Além de Joe Berardo e do advogado André Luiz Gomes, há pelo menos mais uma dezena de arguidos no processo. A lista inclui o irmão e um dos filhos do empresário madeirense e ainda Carlos Santos Ferreira, suspeito de beneficiar Berardo enquanto presidente da Caixa Geral de Depósitos.

Estão ainda envolvidas seis sociedades ligadas ao comendador.

Segundo comunicados da PJ e do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em causa no processo está um grupo "que entre 2006 e 2009 contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de euros" e que terá causado "um prejuízo de quase mil milhões de euros" à CGD, ao Novo Banco e ao BCP.