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Ministra da Justiça reconhece que fuga de Rendeiro gera "grande desconforto social"

Francisca Van Dunem considerou "prematuro" antecipar intervenções legislativas.

Ministra da Justiça reconhece que fuga de Rendeiro gera "grande desconforto social"
ANTÓNIO COTRIM

A ministra da Justiça reconheceu que o caso do ex-banqueiro do Banco Privado Português (BPP) João Rendeiro gera "um grande desconforto social" e "entre agentes da justiça".

"Seguramente este é um resultado que gera um grande desconforto social e também desconforto entre agentes da justiça", disse Francisca Van Dunem, na conferência de imprensa do final do Conselho de Ministros, quando questionada sobre o caso da fuga de João Rendeiro, condenado por crimes de burla qualificada.

A ministra sustentou que não conhece a situação em todos os seus contornos", frisando que estão em causa decisões tomadas num quadro judicial.

"O poder judicial goza de independência em relação ao Governo e o Governo não intervém nas suas ações, nem nas suas omissões", disse Francisca Van Dunem, manifestando-se "obviamente convencida que o sistema tem mecanismos que vão permitir esclarecer tudo aquilo que se passou".

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Francisca Van Dunem considerou também "prematuro" antecipar intervenções legislativas, como defendeu o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público ao avançar que o parlamento devia discutir "se faz sentido" manter na lei o efeito suspensivo dos recursos de arguidos condenados em primeira instância.

A ministra sublinhou que, "cada vez que ocorre um problema no sistema", não se pode alterar as leis, caso contrário "os próprios agentes do sistema não serão capazes de assimilar a quantidade de mudanças que teremos de fazer".

"Acho que temos de pensar na lei, pensar nos comportamentos, na leitura que é feita da lei e no modo obviamente como as leis são aplicadas. Esses aspetos devem ser ponderados, agora com mais informação adequada sobre os factos e que seguramente irá ser obtida pelas instâncias competentes, nomeadamente pelos conselhos superiores e, nessa altura, podemos com mais propriedade falar no que se pode fazer", precisou.

João Rendeiro pode ser detido em qualquer parte do mundo

João Rendeiro está em fuga e pode ser detido em qualquer parte do mundo. Ainda assim os mandados de detenção internacionais só foram emitidos depois de o próprio ter comunicado ao tribunal que não tem intenção de regressar a Portugal.

O despacho que ordena a detenção reconhece que o ex-banqueiro vinha dando sinais de que podia fugir. A personalidade de João Rendeiro merece adjectivação no despacho que ordena a detenção do ex-banqueiro.

A juíza considera que o arguido demonstrou, em julgamento, um "perfil displicente", justificando, contudo, que os traços de personalidade não são admitidos por lei como suficientes para alteração das medidas de coação. Certo é que outras razões houve que poderiam ter levado a Justiça a antecipar uma fuga que parecia quase certa.

O mesmo despacho reconhece que Rendeiro já revelava sinais de uma possível fuga ao ter omitido ao tribunal, desde 19 de julho, o próprio paradeiro em viagens feitas a Porto Rico e ao Reino Unido...

Uma mudança de comportamento tendo em conta que nos últimos anos o arguido fez mais de meia dúzia de viagens, a maioria aos Estados Unidos informando sempre a justiça da morada concreta onde poderia ser encontrado.

João Rendeiro saiu legalmente de Portugal porque estava autorizado a fazê-lo uma vez que tinha a mais leve das medidas de coação.

A Justiça que foi demasido lenta a antecipar-lhe os passos. Sdmite que o arguido vinha "contornando ostensivamente a obrigação legal de informar o lugar onde podia ser encontrado"

A ordem de detenção o ex-banqueiro já chegou às forças policiais e nacionais e internacionais e Rendeiro é um homem em fuga que pode ser detido em qualquer parte do mundo.

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