A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, justificou a divulgação, esta sexta-feira, do parecer da Comissão Técnica sobre a vacinação de crianças entre os 5 e 11 anos com uma "necessidade social" de conhecer o documento.
"A Direção-Geral da Saúde (DGS) tomou a decisão de publicar o parecer da Comissão Técnica de Vacinação tal qual o recebeu porque há uma necessidade social, um pedido da sociedade, que quer conhecer esse parecer", justificou Graça Freitas em conferência de imprensa, em Lisboa.
Hoje, enquanto decorria a conferência de imprensa no Ministério da Saúde em que foi apresentado o calendário da vacinação dos mais novos, foi publicado na página da internet da DGS o parecer da Comissão Técnica na integra bem como os documentos que a suportam.
"Sendo, apesar de tudo, um documento de trabalho, mas que não tem nenhuma informação sigilosa ou secreta, está divulgado e está disponível tal qual como o recebi", disse Graça Freitas.
Questionada sobre se a publicação do documento teria sido motivada pela pressão política dos últimos dias, a diretora-geral da Saúde preferiu falar antes numa "necessidade social" para ter acesso ao máximo de informação possível sobre a vacinação desta faixa etária e acrescentou que, no seu entender, não existe motivo para que essa informação não seja divulgada.
"O importante, neste momento, é nós concentrarmo-nos na vacinação das crianças e nos benefícios que essa vacinação tem", sublinhou, desvalorizando "qualquer outro assunto que poderia desviar a atenção deste foco".
Na terça-feira, a DGS recomendou a vacinação das crianças. Mas depois do anúncio, vários partidos políticos exigiram a divulgação de todos os pareceres em que a autoridade de saúde se apoiou para tomar a decisão.
No início da conferência de imprensa, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde já tinha avançado a publicação do parecer técnico, afirmando compreender as dúvidas dos pais sobre este processo.
Esta divulgação pretende que os "pais das 600 mil crianças destas idades tenham acesso à informação com rigor, com transparência e com verdade", disse António Lacerda Sales.
O processo arranca nos dias 18 e 19 de dezembro, em que os centros de vacinação vão estar plenamente dedicados a esta faixa etária, e começa pelas crianças com 11 e 10 anos e aquelas que têm doenças consideradas de risco para covid-19 grave.
Seguem-se os 9 aos 7 anos nos dias 6, 7, 8 e 9 de janeiro, os 6 e 7 anos no fim de semana de 15 e 16 de janeiro e nos dias 22 e 23 conclui-se a administração das primeiras doses com as crianças de cinco anos.
A partir do dia 5 de fevereiro começam a ser administradas as segundas doses, devendo o processo estar concluído a 13 de março.
Na mesma conferência de imprensa, o coronel Penha Gonçalves, que lidera o núcleo de coordenação da campanha de vacinação explicou ainda que o processo não vai exigir alterações significativas ao processo que já está em curso para os adultos.
As únicas diferenças, acrescentou, são que nos dias destinados às crianças não serão administradas outras vacinas nos centros de vacinação, que nesses dias se vão procurar adaptar aos mais novos e criar "um ambiente mais acolhedor, agradável e tranquilo".
Saiba mais
- Covid-19: vacinação pediátrica pode evitar mais de 13 mil infeções
- Covid-19: Gouveia e Melo pronuncia-se sobre vacinação pediátrica
- Covid-19: vacinação de crianças abaixo dos 11 anos arranca a 18 e 19 de dezembro
- Especialistas recomendavam apenas vacinação das crianças com doenças de risco numa fase inicial
- Vacinação covid-19: decisão baseou-se em ensaio clínico com 2.000 crianças