Os professores com horários incompletos e em escolas com menos alunos poderão ter que dar aulas noutros estabelecimentos de ensino, até 30 quilómetros de distância.
A proposta do Governo ainda não reúne o consenso dos sindicatos.
Em entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, o ministro da Educação afirmou que a ideia será preencher o horário de vários professores e, ao mesmo tempo, combater necessidades de escolas com falta de docentes.
João Costa admitiu que a solução permite que vários profissionais possam usufruir de um vencimento integral.
Na mesma entrevista, o ministro insistiu que o objetivo é combater a precariedade na educação.
Estão ser feitas contas para avaliar recuperação de serviço de docentes
Quanto à reposição do tempo de serviço dos professores, João Costa disse que primeiro é preciso fazer contas para depois apresentar propostas concretas.
"Estamos a fazer contas, estudos de comparabilidade com outras carreiras, estudos de projeção sobre o impacto em números de professores para depois apresentarmos propostas e podermos dizer até onde podemos ir", disse, em entrevista conjunta à rádio TSF e ao jornal JN.
Os professores, que têm feito greve e saído à rua em protesto, não abdicam dos cerca de seis anos e meio de serviço congelados, lembrando que o Governo "devolveu" esse tempo aos docentes que trabalham nas escolas dos Açores e da Madeira.
Enquanto a tutela não avançar com uma proposta de calendarização para debater o assunto, os professores vão continuar em protesto, participando em novas manifestações e greves.
"Todas as carreiras são igualmente dignas e igualmente merecedoras de intervenção"
Na quinta-feira, as negociações entre Governo e sindicatos dos professores terminaram sem acordo. Um dos motivos que tem levado os sindicatos a recusarem qualquer acordo é a rejeição do Governo em recuperar o tempo de serviço congelado durante a 'troika'.
Ainda assim, as organizações sindicais vão aguardar o diploma final do Ministério da Educação, que deverá ser enviado até quarta-feira, para decidirem, até quinta-feira, se pedem ou não a negociação suplementar.
"O que temos de garantir é que o que se faz numa carreira não é desproporcional face ao que acontece com outras e, por isso, temos que fazer esta análise comparada, porque todas as carreiras são igualmente dignas e todas as carreiras são igualmente merecedoras de intervenção", sustentou João Costa, na entrevista à TSF e ao JN, assinalando que a prioridade das negociações com os professores foi a revisão do modelo de recrutamento.
Em entrevista a 16 de fevereiro à televisão TVI, o primeiro-ministro, António Costa, frisou que "não há condições" para devolver o tempo de serviço aos professores, invocando que tal "significaria 1.300 milhões de euros de despesa permanente todos os anos".
Professores de novo na rua, Marcelo acredita num acordo com o Governo
Os professores saíram à rua este sábado numa manifestação organizada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P.).
O S.TO.P. acredita que os portugueses estão solidários com as reivindicações dos professores, apontando que a sociedade está farta do aumento do custo de vida e de "uns poucos que ficam com muitos milhões".
André Pestana apontou como prova disso a sondagem encomendada pelo stop, segundo a qual a maioria dos inquiridos estava a favor da recuperação do tempo total de serviços, uma das reivindicações dos professores.
O protesto terminou em frente à Assembleia da República, onde alguns manifestantes vão ficar em vigília até terça-feira.
No local esteve também a deputada do BE Joana Mortágua, para quem, até agora, o Governo não conseguiu ir ao encontro de nenhuma das exigências dos docentes. Na manifestação, marcou também presença Gabriel Mithá, do Chega.
Já o Presidente da República acredita é possível que Governo e professores cheguem a acordo.