As maternidades dos hospitais Santa Maria, em Lisboa, e das Caldas da Rainha vão encerrar este verão. As duas maternidades vão ser alvo de obras de remodelação, estando previsto o encerramento do Santa Maria durante um ano e o das Caldas da Rainha, pelo menos, até novembro.
As grávidas que estavam a ser seguidas no hospital Santa Maria passam a ser encaminhadas para o hospital São Francisco Xavier, na freguesia de Belém. Nas Caldas da Rainha, as grávidas passam a ser atendidas em Leiria, já a partir de junho.
“O Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, E.P.E. (Hospital de S. Francisco Xavier), que encerrava de forma rotativa aos fins de semana, a partir de 1 de agosto volta a funcionar de forma ininterrupta 7 dias/semana, sem períodos de contingência, sendo que no período até essa data será alvo de intervenções para aumentar a capacidade infraestrutural e responder ao futuro aumento da procura”, avança a direção do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os dois hospitais públicos da região de Lisboa e Vale do Tejo têm estado sob pressão nas urgências e devido ao fecho de maternidades. Com o encerramento, pelo menos três hospitais privados serão forçados a prestar aos estabelecimentos do SNS apoio entre os meses de junho e setembro – época que é considerada mais difícil devido às férias de verão.
A Ordem dos Médicos já veio contestar o encerramento de maternidades no verão, sublinhando que este é um período mais difícil, devido à falta de meios associado às férias e ao aumento de afluência devido aos turistas.
Oito maternidades vão ter condicionamentos programados durante o verão
O Serviço Nacional de Saúde anunciou as maternidades que durante o verão vão sofrer condicionamentos. As regiões mais afetadas são Lisboa e Vale do Tejo o Algarve.
Os constrangimentos ocorrem em dias específicos e podem ser confirmados através da infografia disponibilizada pelo SNS.
Na região da capital, sete dos 11 blocos de partos vão ter condicionamentos programados. Além dos hospitais Santa Maria e das Caldas da Rainha, vão sofrer "condicionamentos programados" os hospitais de Santarém, Vila Franca de Xira, São Francisco Xavier (Belém), Prof. Dr. Fernando Fonseca (mais conhecido por Amadora-Sintra), Beatriz Ângelo (Loures), Garcia de Orta (Almada), São Bernardo (Setúbal) e Barreiro-Montijo.
Os hospitais de São Bernardo e do Barreiro-Montijo “mantém os condicionamentos programados, que já efetuavam desde o final de 2022”, associando-se agora, "em alternância", o hospital Garcia de Orta.
“De forma a assegurar sempre o funcionamento de pelo menos dois blocos de parto em simultâneo na Península de Setúbal, o Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, E.P.E. passa a funcionar em pleno em todos os fins-de-semana, encerrando apenas durante alguns dias da semana”, explica a direção do SNS em comunicado.
No Algarve, o bloco de partos do hospital de Portimão via sofrer condicionamentos entre junho e setembro, em fins de semana alternados.
Nas regiões Norte, Centro e Alentejo, todos os blocos de partos estarão a funcionar de forma ininterrupta durante os meses de verão.
Federação dos Médicos diz que transferência para o privado “é nova medida paliativa”
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) considera a decisão de transferir partos para o setor privado, devido ao encerramento das maternidades, é uma “nova medida paliativa”.
“Esta medida traduz-se em mais um penso rápido, à medida que Manuel Pizarro vai adiando a discussão de medidas concretas, como a atualização das grelhas salariais, nas negociações com os sindicatos médicos”, afirma a FNAM, em comunicado.
Acusam o ministro da Saúde de “adiar a solução para os problemas do SNS, promovendo o desmantelamento da saúde me Portugal, em particular dos cuidados materno-infantis”, que, afirmam, é “uma das joias da coroa”.
A FNAM sublinha a importância de aprovar medidas que fixem médicos no SNS e acusa o Governo de não apresentar propostas concretas.
“Todas as reuniões em que o Ministério não apresenta propostas, são reuniões fracassadas na resolução dos problemas do SNS, que obrigam a tutela a adotar medidas paliativas de forma a assegurar os cuidados de saúde aos utentes.”