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Operação Picoas: Armando Pereira assume que ainda é acionista da Altice

No despacho das medidas de coação, o magistrado escreve que Armando Pereira tem capacidade para continuar a sua atividade de facilitação nos negócios de Hernâni Vaz Antunes porque o próprio tem 22% do capital societário.

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Armando Pereira assumiu, durante o interrogatório judicial, que ainda é acionista da Altice. Este foi um dos motivos que, segundo o despacho das medidas de coação a que a SIC teve acesso, levou o juiz Carlos Alexandre a decidir decretar a prisão domiciliária.

A continuação da atividade criminosa é um dos riscos que o juiz Carlos Alexandre considera estar em causa. Para isso, contribuiu o que o próprio Armando Pereira disse no interrogatório judicial: que ainda tem ações na Altice.

No despacho das medidas de coação, a que a SIC teve acesso, o magistrado escreve que Armando Pereira tem capacidade para continuar a sua atividade de facilitação nos negócios de Hernâni Vaz Antunes porque, ao contrário do que dizem as fontes abertas, nas quais se refere que já não detém qualquer comparticipação social na Altice, o próprio diz que tem 22% do capital societário.

Hernâni Vaz Antunes confessou “pagamentos indevidos a terceiros”

Os arguidos não são obrigados a falar nesta fase de inquérito, mas escolheram fazê-lo. Hernâni Vaz Antunes acabou por confessar "pagamentos indevidos a terceiros, para a conquista e manutenção de mercados para as sociedades por si controladas" a Alexandre Fonseca. O ex-CEO foi alvo de buscas e está a ser investigado.

Ficou também claro que perante o juiz de instrução, Jéssica Antunes e o contabilista Álvaro Gil Loureiro tentaram passar a versão de que eram meros executantes.

No entanto, Carlos Alexandre defende que "a comparticipação da arguida Jéssica que (...) não se compagina apenas como uma mera executante das ordens do seu pai, já que tem 37 anos de idade, é licenciada em análises clínicas e com mestrado em gestão (...) não basta dizer que se cumprem ordens de um pai imperativo, tem que se saber que tipo de ordens estão a ser dadas e aonde é que elas conduzem, não se pode só comungar nos ganhos e no trem de vida, sem se comungar também nas responsabilidades".

Juiz não acreditou nas versões apresentadas por Álvaro Gil Loureiro e Jéssica Antunes

O juiz vai mais longe e escreve ainda que "a visão angelical e um pouco displicente que nos foi apresentada não corresponde à verdadeira personalidade de Jéssica Antunes".

Sobre aquele que é o alegado cérebro financeiro da operação, Álvaro Gil Loureiro, Carlos Alexandre também não comprou a versão com que se apresentou de "obediente funcionário de Hernâni Antunes, para logo a seguir nos surpreender com a posição de que é detentor 50% da SmartDev, em nome próprio. E que quer essa sociedade, quer outras, onde o seu nome figura, são por si detidas nominalmente como fiduciário de Hernâni Antunes, que lhe vai pagando bónus e comissões, muito para alem do seu rendimento declarado fiscalmente".