O braço-direito do fundador da Altice, Hernâni Vaz Antunes, foi alertado antes, de que iam decorrer buscas, no âmbito da operação Picoas. O arguido avisou Armando Pereira e o contabilista, a quem pediu que destruísse provas.
As buscas foram no dia 13 de julho, mas Hernâni Vaz Antunes já sabia que iam acontecer. Chegou a estar em parte incerta dois dias e nesse tempo, acredita o Ministério Público, pode ter feito desaparecer provas importantes.
Hernâni teve tempo de avisar o amigo e fundador do grupo Altice, Armando Pereira, e ainda Álvaro Loureiro.
No interrogatório, o economista acabou por colaborar. Admitiu que destruiu e ocultou provas. A muito custo, segundo o despacho das medidas de coação a que a SIC teve acesso, confessou ainda onde tinha ido para destruir cerca de 130 documentos e forneceu as credenciais de equipamentos eletrónicos que lhe foram apreendidos.
Hernâni Vaz Antunes é descrito pelo tribunal como manipulador, calculista e egocêntrico, com capacidade para condicionar os colaboradores, uma vez que vivem dependentes dele financeiramente. Chega a assumir que cometeu alguns dos crimes de corrupção que lhe são imputados, mas fazendo-se de vítima.
Está em prisão domiciliária, tal como o amigo Armando Pereira, que durante o interrogatório tentou negar que existisse uma relação de amizade entre ambos.
Começou por dizer que os contactos que mantinham eram apenas comerciais, mas quando o tribunal lhe pergunta se Hernâni é de confiança, diz que sim porque o via como um irmão.
Tentou fazer o mesmo com a relação que tem com genro. Disse que o habitual era vê-lo apenas duas a três vezes por ano, só que curiosamente estiveram juntos na véspera das buscas.
Yossi Benchtrit, casado com Gaelle Pereira, a filha de Armando, terá beneficiado milhões com os contratos celebrados com a Altice. No ano passado, o casal comprou um apartamento em Nova Iorque de 70 milhões de euros, no mesmo edifício onde já tinham outro, mais modesto, de 24 milhões.