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"Porque é que António Costa terá tomado esta decisão radical e entrámos nesta crise política?"

Rosália Amorim, diretora de informação da TSF, analisa a situação política do país, as explicações para a demissão de António Costa, quais os cenários esperados e os três grandes vencedores desta crise.

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António Costa anunciou esta terça-feira a demissão do cargo de primeiro-ministro, após o Ministério Público revelar que é alvo de uma investigação relacionada com negócios do lítio e hidrogénio. A saída para a inesperada crise política está agora nas mãos do Presidente da República. Para Rosália Amorim, os portugueses precisam de saber mais sobre o que levou à queda do Governo de um dia para o outro. A diretora de informação da TSF analisa a situação política do país, as explicações para a demissão de António Costa, quais os cenários esperados e os três grandes vencedores desta crise.

“Os portugueses precisam de saber mais, até porque foram esses mesmos portugueses que deram uma maioria absoluta a António Costa. Claramente é preciso saber mais sobre este processo”.

“No plano teórico, o que acontece é que António Costa poderia não ter sido afastado, poderia apenas ter feito uma declaração ao país, na medida em que está a ser investigado, mas ainda não é arguido. Porque é que António Costa terá tomado esta decisão radical e entrámos nesta crise política?”, questiona Rosália Amorim.

No entender da diretora de informação da TSF, “mesmo não sendo arguido, António Costa está ferido no seu mais íntimo círculo. defendeu João Galamba com unhas e dentes, contra, inclusive, a opinião do Presidente da República e segurou o ministro João Galamba, que está envolvido também neste caso e assegurou sempre dois grandes amigos do seu círculo mais íntimo. Por um lado, Vítor Escária, seu chefe de gabinete e, por outro, também Diogo Lacerda Machado, seu amigo, seu consultor. E, portanto, estamos a falar de uma situação em que António Costa não tinha como fugir desta situação de se afastar”.

Quem são os três grandes vencedores da crise política?

Para Rosália Amorim, André Ventura, Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro são os três grande vencedores desta crise política.

André Ventura é um claro vencedor desta crise política. Aliás, André Ventura ontem teve uma pose de estadista muito mais sério, muito mais sereno, sem os habituais sound bites, demonstrando o que poderá estar numa solução de poder que possa vir a seguir a ser escolhida, a ser eleita pelos portugueses”.

À esquerda, Pedro Nuno Santos, que tem feito já algum papel de oposição dentro do PS, embora este possa não ser o timing mais adequado.

“Há quem diga exatamente que parece um líder da oposição, sendo ele do Partido Socialista, mais à esquerda (…) Pedro Nuno Santos eu creio que não queria um calendário tão antecipado, queria mais tempo para se preparar, está a fazer o seu caminho agora como comentador televisivo e precisaria de mais tempo para se preparar para aparecer aqui como um futuro líder do Partido Socialista ou de um eventual governo também com o Partido Socialista na equação”.

O terceiro vencedor é Luís Montenegro. “Tem sido até dececionante para muitos dos sociais democratas, os resultados que Montenegro tem tido e neste momento, todas essas sondagens valem muito pouco”, defende Rosália Amorim que considera que para Luís Montenegro “é agora ou nunca”, explica a diretora de informação da TSF.

Marcelo poderá optar por uma opção à Sampaio?

Rosália Amorim admite que Marcelo Rebelo de Sousa pode “optar por uma solução a Sampaio, ou seja, quando Durão Barroso saiu para a Europa, Jorge Sampaio optou por colocar Pedro Santana Lopes à frente do Governo. É certo que depois não correu muito bem, não ficou muito tempo, mas foi essa a solução de transição e, se houver essa solução de transição, claramente Mariana Vieira da Silva e Ana Catarina Mendes poderão estar preparadas para assumir aqui o Governo”.

A hipótese de Fernando Medina apresenta-se como menos plausível para a jornalista, que lembra o nome de Mário Centeno, antigo ministro das Finanças e atual governador do Banco de Portugal, que tinha sido apontado para a Presidência da República e que poderia dar “seguimento a esta política de contas certas, podendo ser também um futuro sucessor do Partido Socialista”.