Conhecidas como redes fantasma são um dos problemas que assombram os oceanos. Ficam perdidas no fundo do mar e causam danos irreversíveis aos ecossistemas.
“Continuam indiscriminadamente a matar peixes sem qualquer proveito comercial. De facto, isto é um ciclo que só acaba com a intervenção humana, com a nossa intervenção", explica Miguel Serafim da Ghost Diving Portugal.
Intervenção que desta vez salvou um polvo prestes a ficar preso na rede deixada na costa de Setúbal: "chegámos no momento certo porque se calhar, se fosse umas horas ou uns dias mais tarde, aquele polvo já não estaria vivo. Nós podermos chegar e revertermos esse processo e salvarmos os animais, é dos momentos mais espetaculares de que nós temos memória, sem dúvida", diz Pedro Almeida da Ghost Diving Portugal.
"É muito desafiante quando a vida marinha é muito pequena e a rede é muito grande e nós temos pouco tempo de trabalho no fundo", acrescenta Filipe Casal Ribeiro da Ghost Diving Portugal.
Filipe, Pedro e Miguel são três amigos mergulhadores decidiram fazer a diferença inspirados por um resgate que correu mundo. A ideia concretizou-se em 2021. Cresceu em três anos e hoje já conta com mais voluntários para encontrar e remover artes de pesca abandonadas
"Nós somos também mergulhadores técnicos e, em 2018, acho que houve um episódio que todos nos recordamos que foram aquelas crianças que ficaram presas na Tailândia numa gruta e foram mergulhadores como nós, de fim de semana, que salvaram aquelas crianças. E acho que todos nós sentimos um empowerment de que podemos fazer mais e contribuir", conta Pedro Almeida.
Desta vez, a operação foi complexa e obrigou ao uso de equipamento especializado. Uma faca para cortar a rede que era pesada e estava cruzada com outras. E estes balões, cada um colocado em pontos estratégicos levanta até 200 quilos e ajuda dentro e fora do mar.
A remoção é eficaz, mas apenas uma gota num oceano tão extenso. A ONU alerta que equipamento de pesca perdido ou abandonado como este representa 10% do plástico nos mares. Para resolver o problema, é preciso mais cooperação e envolvimento.
"Há formas de tentar encontrar as redes, ou seja, se as redes tivessem um dispositivo qualquer que indicasse, no caso de serem perdidas, a posição onde estão, seria mais fácil nós removermos. Isso é uma hipótese. Haver redes que sejam, de certa forma, mais amigas do ambiente. Redes que tenham um qualquer dispositivo na hipótese de ficarem presas ou perdidas, de poderem vir à superfície", explica Miguel Serafim.
Esta equipa já removeu do mar duas toneladas e meia de redes de pesca que, para já, estão a ser guardadas e um dia serão transformadas em peças de roupa ou arte urbana. No mar, o trabalho está ainda longe de estar terminado. A próxima missão já está marcada será ainda este ano na Madeira.