Hospital belga revoluciona tratamento para doentes de covid que perderam o olfato
Desde os primeiros dias do covid-19, a perda de olfato foi um sintoma indicativo da doença. Muitas pessoas acabaram por nunca recuperar a capacidade de cheirar. Agora um hospital de Lovaina, na Bélgica, propõe uma solução: usar o próprio sangue do paciente para reparar os tecidos danificados.
Livina Van Esser não consegue sentir o cheiro do seu perfume há quatro anos. Não sabe se o seu quarto está fresco ou se ela própria tem um odor agradável quando sai de casa. Os passeios na floresta, que antes eram uma fonte de prazer pelos aromas naturais, perderam o sentido. Como milhares de pessoas em todo o mundo, perdeu o olfato devido à covid-19.
A perda do olfato vai muito além da incapacidade de sentir cheiros. Para Livina, as consequências estendem-se à vida social e ao prazer de comer.
"Costumávamos sair para jantar regularmente. Agora mal o fazemos. Toda a gente se senta à mesa e diz 'Isto sabe bem'. Todos escolhem algo do menu. E para mim é apenas um palpite, porque não consigo saborear de qualquer forma."
Depois de muitos médicos e exames, Livina acredita que pode voltar a cheirar e a saborear os alimentos.
Como funciona o tratamento?
O procedimento baseia-se na capacidade regenerativa do plasma sanguíneo. Primeiro, os médicos recolhem sangue do paciente e separam o plasma dos glóbulos vermelhos. Este plasma contém substâncias naturais capazes de reparar tecidos danificados no organismo. Julie van Waterschoot, especialista em Otorrinolaringologia no Hospital Universitário de Lovaina, é uma das responsável por esta técnica.
"A beleza deste tratamento é que utilizamos realmente o próprio sangue do paciente. Essencialmente, não há material estranho, apenas o que vem do próprio paciente pode ser usado para reparar algo."
O plasma é depois injetado próximo do nervo olfativo, na esperança de que este se recupere naturalmente. O tratamento requer três visitas ao hospital, seguidas de um período de espera de três meses para avaliar os resultados.
Esta técnica representa uma luz ao fundo do túnel para as centenas de milhares de pessoas que perderam o olfato devido à covid-19. Muitos destes casos, considerados inicialmente temporários, tornaram-se persistentes, afetando drasticamente a qualidade de vida.
O tratamento ainda não é comparticipado pelos seguros de saúde e custa cerca de 220 euros. Para quem vive há anos sem conseguir sentir cheiros ou paladares, o investimento pode representar o regresso a uma vida normal.
Livina van Esser mantém a esperança de que, após o tratamento, poderá finalmente voltar a frequentar restaurantes e a desfrutar dos pequenos prazeres que o olfato proporciona.
Como o calor está a mudar as casas nos Países Baixos
Com a temperatura a ultrapassar os 30 graus Celsius dentro de casa e noites em que o calor parece não dar tréguas, os holandeses enfrentam uma nova realidade imposta pelas alterações climáticas. O problema não se limita a edifícios antigos, até os bairros recém-construídos estão mal preparados para enfrentar dias muito quentes.
O sol quente bate longas horas na fachadas de um novo prédio em Haia, nos Países Baixos. Na rua estão mais de 30 °C, mas o interior está fresco e o ar condicionado não está ligado. Como é possível? A explicação está na construção e segundo a urbanista Nanda Sluijsmans há soluções simples e muito eficazes.
"Vemos já grandes beirais nos telhados, que proporcionam sombra. E acima disso, estores embutidos. O arquiteto pensou bem nisso. Estas medidas, ainda raras, deveriam ser obrigatórias em novas construções."
O professor Andy van den Dobbelsteen, especialista em sustentabilidade, diz que há um erro comum, quando se tenta evitar o calor de dentro para fora.
"Muitas vezes não é permitido colocar nada no exterior, por decisão do arquiteto, e as pessoas tentam resolver o problema por dentro. Mas aí o calor já entrou. E com casas bem isoladas, isso torna-se um problema no verão."
Mas não basta adaptar os edifícios. O ambiente urbano tem de ser redesenhado. Algo tão simples como a escolha de pavimento pode fazer a diferença. E o verde pode ser uma solução.
"Se as pedras forem escuras, pode chegar aos 50 graus ou mais. As folhas das plantas, por exemplo, provocam evaporação, o que ajuda a arrefecer o ambiente. As árvores grandes são cruciais para melhorar o microclima, mas, nos novos bairros, cortam-se as árvores antigas e plantam-se novas, que demoram 15 a 20 anos a fazer efeito."
A preocupação com o conforto térmico é transversal, mas mais acentuada entre os jovens. 46% dos neerlandeses entre os 18 e os 24 anos receiam que o calor e fenómenos extremos prejudiquem a qualidade de vida nas suas casas. Entre os 25 e os 34 anos, esse número sobe para 48%.
Atlântida do futuro: San Blas, o paraíso panamiano que está a afundar
As ilhas de San Blas, no Panamá, são um dos últimos paraísos tropicais do planeta. Um arquipélago de beleza deslumbrante que está a desaparecer, vítima das alterações climáticas.
Areia branca, águas cristalinas e cabanas de madeira à beira-mar por apenas 30 euros por noite. Assim é San Blas, um arquipélago com quase 400 ilhas ao largo da costa do Panamá. Um cenário idílico que está em risco. A subida do nível da água do mar está a fazer com que estas ilhas comecem a desaparecer. A maioria está apenas alguns centímetros acima da superfície do mar e não tem habitantes. Outras já estão parcialmente submersas. Mas algumas ainda resistem, é o caso de Gardi Sugdub.
Ansberto Ehrman é uma espécie de presidente da Câmara da ilhas. Lidera uma comunidade em transição que, aos poucos, se foi deslocando para o continente.
"Chegámos a ter 1.300 residentes, aqui. Agora, são menos de metade."
Ansberto Ehrman acredita que dentro de 20 anos, a Gardo Sugdub terá desaparecido por completo. Nueva Carti é a nova casa de quem já deixou as ilhas de San Blas.
A nova localidade tem ruas pavimentadas, em vez de trilhos arenosos, mas organização urbana não agrada a todos. Muitos recusam abandonar a vida no mar e mantêm as casas para regressam aos fins de semana, sempre que a saudade aperta, só não sabem até quando isso será possível.
San Blas poderá tornar-se a Atlântida do século XXI, um símbolo daquilo que o mundo pode perder se não agir rapidamente contra as alterações climáticas. A beleza efémera destas ilhas atrai turistas, muitos conscientes de que estão a visitar um lugar condenado. Os habitantes, agora refugiados climáticos, são o rosto de uma crise global.
Cidade do México está a afundar, há casas e ruas que descem 40 cm por ano
Na Cidade do México, o solo está a ceder sob os pés dos seus habitantes. Em bairros como Tláhuac e Iztapalapa, moradores relatam que as suas casas e ruas estão a afundar-se até 40 centímetros por ano.
O fenómeno não se sente em toda a Cidade do México. Enquanto o centro da capital mexicana afunda entre 5 e 10 cm por ano, zonas como Cidade Universitária permanecem estáveis graças ao seu solo de rocha vulcânica e à ausência de extração de água. Os dados são de um estudo do Instituto de Geologia da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM).
Andrés Contreras mora em Colonia del Mar, em Tláhuac e todos os anos vê a sua rua a afundar-se.
"Tem um desnível de quase 60 centímetros. Constantemente vêm reparar a rua, voltam a colocar alcatrão, mas a fenda volta a aparecer."
Em Santa Martha Acatitla, Iztapalapa, a situação é ainda mais crítica. Algumas casas tornaram-se inabitáveis.
A causa principal é a exploração intensiva dos aquíferos, que deixa vazios no subsolo, e faz com que o terreno ceda. Este processo é irreversível e tende a agravar-se nas zonas onde os aquíferos são mais explorados.
Segundo a UNAM as zonas mais afetadas são Iztapalapa, Xochimilco, Tláhuac e Chalco, no Estado do México.
Não é ficção, o Super-Herói das Abelhas existe
As populações de abelhas estão a diminuir em todo o mundo e em São Francisco, nos Estados Unidos, há um homem disposto a quase tudo para as salvar. Circula pela cidade numa monociclo elétrico para transformar os cantos esquecidos da cidade em refúgios para polinizadores.
Não é uma abelha gigante, nem alguém que perdeu um baile de máscaras. É Shalaco McGee, um super-herói pouco comum que tem um ralador de queijo como arma e se veste de preto e amarelo. Gosta que lhe chamem Mr. Bloom e diz que espalha vida pelas ruas de São Francisco.
"Quando vejo ervas daninhas, espalho sementes. A minha missão? É embelezar a cidade e dar às abelhas motivos para regressarem."
A ideia de Shalaco McGee é simples e cresceu rapidamente. Espalha sementes por todos os canteiros, terrenos e jardins abandonados da cidade. Já tem quase um milhão de seguidores nas redes sociais que acompanham todos os dias a sua missão.
Um estudo recente revela que mais de 22% dos polinizadores nativos da América do Norte estão em risco elevado de extinção. . Daniel Montes, do Departamento de Parques e Recreação da cidade concorda que é preciso repovoar mas alertam que a tarefa não é para leigos.
"Não é algo que incentivemos, mas é ótimo ver o entusiasmo, a paixão e a inspiração que ele transmite aos outros."
Não é um especialista, mas tem uma causa urgente, Mr. Bloom garante que vai continuar a semear esperança, uma flor de cada vez.
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