Coronavírus

Rússia acredita que OMS e Europa vão aprovar vacina Sputnik-V

Processo de revisão contínua pela EMA tem sido marcado por polémicas, tendo Moscovo criticado em várias ocasiões a lentidão da Europa.

Rússia acredita que OMS e Europa vão aprovar vacina Sputnik-V
Dado Ruvic

Responsáveis russos mostraram-se hoje otimistas quanto ao reconhecimento da vacina contra a covid-19 Sputnik-V pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Agência Europeia do Medicamento (EMA).

"Tudo aconteceu como previsto. Eles devem preparar um relatório, fazer recomendações sobre a forma de finalizar (algumas questões)", disse hoje o ministro da Saúde russo, Mikhail Mourachko durante um fórum económico em São Petersburgo.

"Até ao momento, não recebemos qualquer questão crítica e penso que todo o trabalho vai desenrolar-se como previsto. Aguardamos os resultados", acrescentou o ministro citado pelas agências russas de notícias.

Kirill Dmitriev, que dirige o fundo russo que colaborou no desenvolvimento da vacina Sputnik-V disse que espera "uma decisão positiva (da EMA) em breve".

"Não recebemos qualquer crítica, nem sobre os ensaios clínicos, nem sobre a produção. O processo está em curso e esperamos que não venha a ser politizado", disse ainda Dmitriev, sem especificar.

Sobre a OMS, o responsável pelo fundo financeiro diz que espera a validação "dentro dos próximos dois meses".

A EMA iniciou a análise do composto russo contra a covid-19, necessária para a eventual autorização da vacina na União Europeia.

Breve cronologia do desenvolvimento da vacina Sputnik V

A Rússia tem três vacinas contra a covid-19 de produção própria: a Sputnik V, a EpiVacCorona e a CoviVac, todas compostas por duas doses, além da Sputnik Light, de dose única.

O processo tem sido marcado por polémicas, tendo Moscovo criticado em várias ocasiões que a lentidão da Europa, sugerindo que o bloco europeu tem razões de ordem geopolítica para bloquear a validação da vacina russa.

Sem aguardar pela decisão da EMA, a Hungria e a Eslováquia incluíram o composto russo no programa de vacinação nacional contra o SARS CoV-2.

► No início de novembro a Rússia afirmou que a vacina desenvolvida pelo Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya em Moscovo, Sputnik V, tinha uma taxa de eficácia superior a 90% . O Presidente russo também garantiu que "todas as vacinas russas contra a Covid-19 são eficazes"

Resultados preliminares da fase 3 deram como certa uma eficácia de 95%. A 14 de dezembro, os resultados finais da fase 3 indicaram uma eficácia de 91,4%.

A 4 de março a Agência Europeia do Medicamento anunciou que tinha iniciado o processo de revisão contínua da Sputnik V.

A chamada "revisão contínua" é um instrumento regulador que a EMA utiliza para acelerar a avaliação de um medicamento promissor durante uma emergência de saúde pública, já que, ao rever os dados em tempo real, à medida que estes ficam disponíveis, pode chegar mais cedo a um parecer final sobre a autorização de comercialização, quando esta der entrada.

Regra geral, todos os dados sobre a eficácia, segurança e qualidade de um medicamento ou vacina e todos os documentos necessários devem estar prontos no início da avaliação num pedido formal de autorização de introdução no mercado.

► A vice-Presidente russa anunciou que os testes clínicos da segunda vacina russa contra a Covid-19, a EpiVacCorona que está a ser desenvolvida pelo Instituto Vector, começariam a 15 de novembro.

► A terceira vacina contra a covid-19 desenvolvida na Rússia, CoviVac, tem uma "eficácia superior a 80%", anunciou o Centro Chumakov, que desenvolve a vacina, a 2 de junho.

Vacinas contra a covid-19: as que estão a ser usadas e as que estão a caminho

Em menos de um ano desde que foi declarada a pandemia foram desenvolvidas várias vacinas em laboratórios por todo o mundo. A primeira vacina a obter autorização de emergência para inoculação foi a da Pfizer e BioNTech. O Reino Unido foi o primeiro país a aprovar esta vacina e a iniciar a campanha de vacinação, em dezembro de 2020.

Mais de 3,7 milhões de mortos no mundo

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.704.003 mortos no mundo, resultantes de mais de 172 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A covid-19 é uma doença respiratória causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

A grande maioria dos pacientes recupera, mas uma parte evidencia sintomas por várias semanas ou até meses.

Links úteis

Mapa com os casos a nível global