Desde que o Presidente Vladimir Putin, anunciou a mobilização militar parcial, milhares de russos tentam sair do país. Segundo a agência de fronteiras da União Europeia (Frontex), entre 19 e 25 de setembro chegaram à UE 66 mil cidadãos russos, um aumento de 30% em relação à semana anterior. José Milhazes considera que esta fuga em grande escala mostra a população a “votar com os pés”.
“Estamos também a ver uma coisa muito interessante: antes da mobilização parcial, toda a gente na Rússia, segundo as sondagens, apoiava Putin nesta guerra e, ao que parece, há numerosíssimos ‘treinadores de sofá’ que apoiavam Putin enquanto não lhes chegou a desgraça à porta, ou seja, a chamada ou o recrutamento para as forças armadas. A partir daí salve-se quem puder”, disse o comentador SIC em declarações à Edição da Tarde.
Estima-se que o número de cidadãos russos a deixar o país pode ter já ultrapassado os 200 mil, contado também a “enorme fuga” para vários países que fazem fronteira com a Rússia, mas não pertencem à UE. Apesar de considerar que o número de pessoas a chegar à Europa possa subir, Milhazes lembra que há países que não permitem a entrada de russos.
“Há países da fronteira com a Rússia – países do báltico, a polónia e a Finlândia também se dirige no mesmo sentido – que não permitem a entrada de russos no seu território. A filosofia onde se assenta é esta: ‘vão para Moscovo, para as vossas cidades e lutem contra a ditadura. Não é agora que se vão refugiar à espera que a guerra acabe’.”
Os Estados Unidos da América, Espanha e Hungria já manifestaram estar “de braços abertos a esta grande fuga”. “A Portugal também, segundo sei, estão a chegar centenas de russos através principalmente da Turquia e dos Emirados Árabes Unidos”, acrescenta o comentador.
Quando questionado porque razão Putin não decide fechar as fronteiras para evitar a fuga de cidadãos, Milhazes usa uma metáfora: “Fechar as fronteiras seria manter explosivo dentro de casa.”
“Estas pessoas que estão a fugir estão a votar com os pés. Se ficassem na Rússia seriam um perigo para o regime de Putin”, afirma, acrescentando que o Presidente russo está “pura e simplesmente está a tentar limpar o paiol de pólvora não controlada para que o paiol não rebente”.
Fuga de gás no Nord Stream? “É a Rússia que ganha com isto”
Depois de terem sido registas “fortes explosões subaquáticas” no mar Báltico, foram identificada fugas de gás nos gasodutos Nord Stream 1 e 2. A Dinamarca avança que estes danos podem demorar, pelo menos, uma semana a serem reparados. José Milhazes diz que é preciso este ataque “deveria despertar a atenção da UE”.
“Trata-se claramente de um ataque ao gasoduto, o que deveria despertar a atenção dos países da UE para a forma irresponsável como deixam construir gasodutos destes, sem a devida segurança”, afirma o comentador.
Milhazes defende que é necessário realizar uma investigação para “provar quem são os autores deste crime”, sublinhando que há uma certeza: “Não podem ter sido submarinos ucranianos porque, a existirem, estão presos no mar negro.”
“Quem ganha com isso? É a Rússia que ganha com isto. O preço do gás voltou a aumentar, a Rússia continua a fornecer gás através dos gasodutos que passam pela Ucrânia, o fornecimento ainda não foi afetado, embora a empresa de gás russa tenha criticado a Ucrânia de perseguição nos tribunais e ameaçado com sanções”, remata.