Guerra Rússia-Ucrânia

Bombardeamentos na Ucrânia: “É um dos maiores ataques russos a várias cidades em meses”

Germano Almeida analisa o desenvolvimento do conflito na Ucrânia, a visita de António Guterres a Kiev e os protestos na Geórgia.

Ataques em Kiev, Ucrânia.
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A Ucrânia foi alvo de vários bombardeamentos, durante a madrugada desta quarta-feira. Pelo menos 13 regiões ucranianas registaram explosões, incluindo as três principais cidades – Kiev, Kharkiv e Odessa. Pelo menos seis pessoas morreram. Germano Almeida, comentador SIC, considera que este ataque terá sido uma forma da Rússia “mostrar que tem uma ação combinada”.

“É um dos maiores ataques russos a várias cidades simultâneas da Ucrânia, eu diria, em meses”, afirma Germano Almeida na Edição da Manhã da SIC Notícias. No entanto, “há um dado preocupante: a Ucrânia só intercetou 34 mísseis – são números ucranianos – o que dá uma capacidade antiaérea abaixo dos 50%”, acrescenta.

Germano Almeida considera que estes bombardeamentos terão sido uma forma da Rússia “jogar por antecipação”, e atacar a Ucrânia antes que cheguem os reforços prometidos pelos países do Ocidente. Além disso, a demora na conquista de Bakhmut, por parte das forças russas, poderá também ter sido um fator.

“Bakhmut é uma espécie de nova Mariupol, embora o tipo de batalha seja diferente”, afirma o comentador. “Estamos a jogar com o tempo: mesmo que a Rússia tome Bakhmut daqui a uma semana ou duas, é significativo que não o tenha feito há semanas ou meses e que a Ucrânia tenha conseguido aguentar o ponto ali. A verdade é que a Ucrânia, nas próximas semanas, vai estar numa situação mais preparada.”

Esta quarta-feira, Jens Sotltenberg, secretário-geral da NATO, admitiu a possibilidade de Bakhmut cair para as forças russas “nos próximos dias”. Para Germano Almeida, estas declarações foram uma “gestão de expectativas”.

Guterres em Kiev e os protestos na Geórgia

Esta quarta-feira, António Guterres chegou a Kiev para discutir com o Presidente Zelensky a renovação do acordo de exportação de cereais. No mesmo dia, os ministros da Defesa da União Europeia decidira apoiar a Ucrânia com mais munições.

Germano Almeida afirma que, ao que “tudo indica”, deverá acontecer uma “renovação” do acordo para exportação dos cereais. Mas sublinha que a visita do secretário-geral da ONU foi “um pouco cautelosa”.

“Quando a Rússia dá indicação de querer também falar com Guterres relativamente a isso, tudo indica que, nos próximos dias, isso vá voltar a acontecer. É talvez o único ponto em que há algum tipo de vantagem em haver um acordo”, afirma o comentador, elogiando os “méritos da intervenção de António Guterres desde julho”.

Esta semana está a ficar também marcada pelos intensos protestos na Geórgia – um dos países da ex-URSS que faz fronteira com a Ucrânia. Germano Almeida considera a situação “algo preocupante”.

“Se olharmos para o mapa, a Geórgia e a Moldávia são os pontos mais vulneráveis dentro dos países colados à Ucrânia. São os países que fazem fronteira com a Ucrânia, que não são espaço NATO e que são do espaço pós-soviético que Putin, no seu passado imperial, estaria a pensar nesses pontos, se tivesse tido sucesso na Ucrânia”, explica o comentador.

Os protestos começaram depois da aprovação da lei dos “agentes estrangeiros”, que determinava que qualquer meio de comunicação social com mais de 20% de presença e investimento estrangeiro perdia a independência. Apesar de ter sido aprovado no Parlamento, a iniciativa legislativa foi retirada esta quinta-feira.