Centenas de manifestantes, que recusavam reconhecer a vitória do candidato democrata Joe Biden nas eleições presidenciais, invadiram o edifício do Congresso e interromperam a confirmação da vitória eleitoral. As eleições presidenciais dos Estados Unidos aconteceram a 3 de novembro.
No ataque ao Capitólio, morreram cinco pessoas e várias ficaram feridas, incluindo polícias.
Leah Millis, fotojornalista da agência Reuters, tirou a fotografia que ilustra este artigo e descreve o que testemunhou:
"Foi o pior ataque à sede do Governo dos EUA desde a Guerra de 1812. Cheguei ao lado oeste do Capitólio dos EUA antes que os apoiantes de Trump dominassem e documentei o caos que se seguiu nas horas seguintes. A certa altura, ouvi a multidão a gritar e pensei que devia estar a arrombar as portas. Não queria correr o risco de ser esmagada ou ferida pela multidão, que era hostil para os jornalistas e já tinha agredido alguns naquele dia. Decidi correr o risco e escalar o andaime para ter uma visão melhor (...). Os polícias do Capitólio envolveram-se numa luta corpo a corpo com os apoiantes de Trump e vários elementos da polícia ficaram feridos".
Horas antes do ataque ao Capitólio, Donald Trump terá feito vários telefonemas para assessores a dizer-lhes que era preciso impedir a certificação da vitória de Joe Biden.
Donald Trump terá impedido, mais tarde, a divulgação de documentos sobre o assalto ao Capitólio. O tribunal federal dos Estados Unidos decidiu negar o recurso apresentado pelo ex-Presidente para manter secretos documentos da Casa Branca.
Mais de 660 pessoas foram indiciadas por participarem no ataque.
Democracia norte-americana por "um fio"?
Durante todo o ano, decorreram investigações ao assalto. Foram ouvidas testemunhas, detidas pessoas e feitas intimações.
Heidi Beirich, especialista norte-americana em extremismo, considera que os Estados Unidos estão a segurar-se "por um fio ao sistema democrático". Diz que o terrorismo doméstico, o aumento da violência, a não-regularização de redes sociais, incitamentos ao ódio e racismo estão cada vez mais a transparecer na sociedade norte-americana.
Os grupos extremistas, de supremacia branca, neonazis, grupos paramilitares, milícias e crentes de teorias da conspiração, todos com características e propósitos diferentes, estão agora a juntar-se e a andar "de mãos dadas" contra o governo, alerta.
Na opinião de Heidi Beirich, Trump "normalizou o ódio" e "puxou esses grupos das sombras".
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