91% da acusação do Ministério Público na Operação Marquês não segue para julgamento. Susana Coroado, presidente da Associação Transparência e Integridade, e Adão Carvalho, presidente do Sindicato dos magistrados do Ministério Público, analisam o impacto da decisão instrutória para a justiça.
“A confiança na justiça tem sido flutuante. Em 2011 esteve no nível mais baixo e no verão passado subiu ao nível mais alto. Agora é natural que leve um abalo e a recuperação vai depender muito da resposta do poder político”, explica Susana Coroado, considerando fundamental que sejam feitos ajustes, nomeadamente no plano de combate à corrupção e na questão dos prazos de prescrição.
A presidente da Associação Transparência e Integridade espera, contudo, que esta decisão não seja se torne uma justificação para o poder político “se imiscuir nas atividades do Ministério Público e lhe reduzir autonomia”.
Questionado sobre as acusações e palavras duríssimas do juiz conta o Ministério Público, Adão Carvalho considera que “comentários para além do necessário para fundamentar as decisões devem ser evitados”, afirmando que o juiz se deve cingir à prova e a tomar uma decisão.
Sobre a acusação, defende que foi feita por um “conjunto de magistrados competentes e com muita experiência”.
Veja também:
-
Operação Marquês. Juiz Ivo Rosa decidiu dividir o processo em quatro
- Operação Marquês. O dia depois da decisão
- Operação Marquês. Arguidos recuperam bens que estavam arrestados
- Operação Marquês revela crise na justiça? As críticas e alertas da esquerda e da direita
- Advogado de Sócrates: “O engenheiro tinha razão quando anunciava que a Operação Marquês era uma cabala contra ele”