Em 40 minutos de entrevista, na quarta-feira, na TVI, o antigo primeiro-ministro José Sócrates fez várias afirmações que não correspondem à verdade, no âmbito da Operação Marquês.
José Sócrates insistiu na ideia de que Ivo Rosa deixou cair todos os indícios que apontavam para o cometimento de crimes enquanto exercia o cargo de primeiro-ministro.
No entanto, o despacho de pronúncia assinado por Ivo Rosa é bem claro ao dizer que "há a existência de um mercadejar com o cargo". E mercadejar significa: "negociar, lucrando ou tirando proveito de forma ilícita; traficar".
Diz também que crimes se referem a depois de ser primeiro-ministro. A afirmação é novamente falsa. José Socrates foi pronuciado por três crimes de branqueamento de capitais, crimes que que estão relacionados com transações em dinheiro entre 2011, ano em que ainda era primeiro-ministro e 2014.
Sócrates diz não se lembrar de conversas codificadas. Mas se a memória falhar, tem a possibilidade de voltar a ouvir as escutas de que foi alvo em conversas com o amigo Carlos Santos Silva. Escutas que convenceram o Ministério Publico e que voltaram a convencer o juiz Ivo Rosa.
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