A Organização Mundial da Saúde disse esta quarta-feira que considera que há mais benefícios do que riscos na administração da vacina da AstraZeneca contra a covid-19. Recomenda ainda que a vacinação continue.
"Neste momento, a OMS estima que o balanço risco/benefício está a inclinar-se a favor da vacina AstraZeneca e recomenda que as vacinas continuem" a ser administradas, refere um comunicado da agência da Organização das Nações Unidas (ONU), citado pela agência francesa France Presse.
A OMS sublinha ainda que os seus especialistas, cuja opinião é esperada, continuam a "avaliar" os dados sobre os problemas de saúde enfrentados por algumas pessoas vacinadas com esta vacina.
"O Comité da OMS está a avaliar cuidadosamente os dados de segurança mais recentes disponíveis para a vacina da AstraZeneca. Assim que essa revisão estiver concluída, a OMS comunicará imediatamente as conclusões", disse em comunicado.
No comunicado, a OMS refere que "a vacinação contra a covid-19 não reduzirá a doença ou as mortes por outras causas", sublinhando que os eventos tromboembólicos são conhecidos por ocorrerem frequentemente.
"O tromboembolismo venoso é a terceira doença cardiovascular mais comum a nível global", observa.
Lembra também que em grandes campanhas de vacinação "é rotina" os países sinalizarem eventos após a imunização.
"Isto não significa necessariamente que os acontecimentos estejam ligados à própria vacinação, mas é uma boa prática investigá-los" e "mostra também que o sistema de vigilância funciona e que existem controlos eficazes", sublinha a OMS.
A Organização Mundial de Saúde adianta ainda que está em contacto regular com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) e reguladores em todo o mundo para obter as últimas informações sobre a segurança das vacinas contra a covid-19.
Peritos e políticos reafirmam que vacina é segura
Com a vacina da Astrazeneca supensa e até que Agência Europeia de Medicamentos (EMA) tome uma decisão, que deve acontecer esta quinta-feira, teme-se o impacto na perda de confiança na vacinação contra a covid-19.
Em Portugal, as autoridades de saúde e o primeiro-ministro saem em defesa dos benefícios da vacina e esperam, dentro de dias, retomar com luz verde da EMA, a pausa forçada na adminsitração da vacina da Astrazeneca.
A Direção-Geral da Saúde diz que a suspensão da vacina em Portugal se tratou de uma medida preventiva.
O coordenador da Comissão Técnica nacional lembra a aprovação pela EMA da vacina em causa.
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Nova análise à vacina concluída na quinta-feira
A Agência Europeia de Medicamentos conclui esta quinta-feira a nova análise à vacina da AstraZeneca. O regulador mantém a convicção de que os benefícios são muito superiores aos riscos.
O regulador europeu explica que, numa campanha de vacinação de dimensão mundial, é inevitável haver efeitos secundários, ainda que raros. Mas assegura que não há evidências de que foi mesmo a vacina a provocá-los. Garante que a prioridade é a segurança e, por isso, está a avaliar minuciosamente cada um dos casos suspeitos.

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Há medicamentos que tomamos no dia a dia com efeitos mais graves do que os da vacina da AstraZeneca
Para a maioria dos cientistas a medida de suspensão da vacina da AstraZeneca é uma decisão meramente política e, para já, sem evidência científica que justifique os prejuízos que terá no processo de vacinação.
Alguns dos medicamentos que habituamente tomamos como seguros têm efeitos secundários mais graves do que aqueles que foram até agora apontados à vacina.

Comissão Europeia diz que atraso da AstraZeneca reduziu velocidade da vacinação na UE
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou esta quarta-feira que os atrasos na produção e entrega de vacinas da covid-19 pela farmacêutica AstraZeneca tenha "reduzido a velocidade da campanha de vacinação na União Europeia (UE).
"A AstraZeneca, infelizmente, não cumpriu a meta de produção e entrega o que, dolorosamente, reduziu a velocidade da campanha de vacinação", disse a líder do executivo comunitário, em conferência de imprensa.
A farmacêutica britânica comprometeu-se inicialmente a "fornecer 90 milhões de doses até final do trimestre, mas fez uma primeira redução para 40 milhões e agora a sua projeção é de reduzir para 30 milhões", acrescentou Von der Leyen.
Se a AstraZeneca cumprir, até ao fim do mês, com o que prometeu agora, "no final do trimestre terão sido entregues 100 milhões de doses" de vacinas da covid-19.
Ursula von der Leyen disse ainda que a BioNtech-Pfizer e a Moderna estão a cumprir os contratos celebrados, com a entrega, respetivamente, de 66 milhões de doses de vacinas e de dez milhões, "tal como foi contratado", salientou.