Joe Berardo é apenas um dos muitos devedores que provocaram fortes estragos nas contas da Caixa Geral de Depósitos. Os créditos ruinosos estão também a ser investigados pela Justiça e já tinham sido identificados numa auditoria independente, pedida em 2017, pelo ministro das Finanças.
A auditoria concluiu que entre 2000 e 2015, a Caixa Geral de Depósitos registava perdas gigantescas em dezenas de créditos. Foram 1.200 milhões de euros em empréstimos ruinosos, a maioria autorizados durante o mandato de Santos Ferreira.
A auditoria foi enviada na íntegra para o DCIAP, que já estava a investigar o caso desde 2016.
O principal credor é o grupo Artlant, com 351 milhões de euros de crédito. O fornecedor dos espanhóis da La Seda pediu dinheiro à Caixa para construir uma petroquímica em Sines. Foi um dos projetos apadrinhados pelos governos socialistas ibéricos liderados por Zapatero e José Sócrates, que acabou em insolvência.
O segundo maior devedor é a Fundação Joe Berardo, com um empréstimo de 268 milhões de euros. O dinheiro terá servido para comprar ações do BCP e entrar em guerra pelo controlo do banco.
O financiamento do resort de Vale do Lobo é o terceiro maior crédito ruinoso de uma extensa lista da qual fazem parte, por exemplo, o Grupo Lena, a Optway, construtora do antigo Grupo Espírito Santo e o grupo do empresário Manuel Fino.
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