O antigo banqueiro do BPP, condenado a 19 anos de prisão, anunciou esta semana estar fora do país e não ter intenção de se apresentar no tribunal. Em poucos dias foi alvo de dois mandados internacionais de detenção, em dois processos diferentes.
João Rendeiro a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por crimes de burla qualificada. Num texto publicado no seu blog Arma Crítica, afirma que no decurso dos processos em que foi acusado fez várias deslocações ao estrangeiro e regressou sempre ao país, mas diz-se injustiçado. O antigo banqueiro garantiu, através desse texto, que não vai voltar a Portugal.
Os mandados de detenção internacionais foram emitidos depois de o próprio ter comunicado ao tribunal que não tem intenção de regressar a Portugal.
O antigo banqueiro sabia que estava na eminência de ser detido. Foi notificado para comparecer, esta sexta-feira, em tribunal para nova revisão das medidas de coação. Uma chamada da Justiça que já não terá qualquer efeito prático e que só aconteceu depois dos advogado do BPP terem alertado para o que parecia ser uma óbvia possibilidade de fuga.
O Tribunal Criminal de Lisboa emitiu este sábado um segundo mandado de detenção europeu e internacional para o antigo presidente do BPP.
Este segundo mandado de detenção europeu e internacional para o arguido João Rendeiro destina-se a que este cumpra a pena única de cinco anos e oito meses de prisão que lhe foi imposta no processo que decorre no juiz 22 do Juízo Central Criminal de Lisboa.
Rendeiro está em fuga e pode ser detido em qualquer parte do mundo
O ex-banqueiro estará num país que não tem acordo de cooperação com Portugal, mas a justiça tem esperança na extradição com base em tratados e convenções internacionais.
O paradeiro de João Rendeiro ainda não é certo, mas seja qual for o novo país onde se escondeu, fontes policiais – contactadas pela SIC – acreditam no repatriamento do fugitivo. Somadas todas as sentenças, o ex-banqueiro foi condenado a 19 anos de prisão efetiva.
A mulher de João Rendeiro está em Portugal. A SIC captou imagens esta sexta-feira na mansão do ex-banqueiro, na Quinta Patino, em Cascais, no momento em que estava a ser abordada pela GNR de Alcabideche.
JUÍZA DO CASO BPP RETIRA PASSAPORTES A OUTROS DOIS ARGUIDOS EX-PARCEIROS DE JOÃO RENDEIRO
Entretanto, os ex-administradores do BPP Salvador Fezas Vital e Fernando Lima, também condenados a penas de prisão, ficaram proibidos de se ausentarem para o estrangeiro, devendo entregar em 48 horas o passaporte e outros documentos análogos de identificação, determinou na sexta-feira juíza Tânia Loureiro Gomes, do Juízo Central Criminal de Lisboa.
Para o agravamento das medidas de coação a Fezas Vital e Fernando Lima, que estavam apenas com Termo de Identidade e Residência (TIR), a juíza teve em conta a recente fuga do ex-presidente do BPP João Rendeiro.
Tais documentos ficarão, logo que entregues ao tribunal, aprendidos à ordem dos autos, ficando ainda proibida quer a emissão de segundas vias, quer as suas renovações, diz o despacho da juíza.
O tribunal pede também que se comunique, ainda, a todos os serviços e entidades nacionais de controlo de fronteiras, a medida de coação agora imposta a Salvador Fezas Vital (condenado a nove anos e seis meses de prisão) e a Fernando Lima (condenado a seis anos de prisão). Ambos foram condenados por fraude fiscal qualificada, abuso de confiança qualificado e branqueamento de capitais.
Quanto ao coarguido e ex-administrador do BPP Paulo Guichard (a residir no Brasil com o conhecimento do tribunal), face à gravidade dos crimes pelos quais está condenado a nove anos e seis meses de prisão (embora sem trânsito em julgado), a juíza entende ser altura de reponderar as medidas de coação, pelo que designou a sua audição presencial para a próxima sexta-feira (8 de outubro), pelas 14:00.
O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, verificou-se em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.
Apesar da pequena dimensão do BPP, o caso teve importantes repercussões devido a potenciais efeitos de contágio ao restante sistema quando se vivia uma crise financeira.
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