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Ministro Eduardo Cabrita demite-se

Ministro da Administração Interna pediu a exoneração das funções, que já foi aceite por António Costa.

Ministro Eduardo Cabrita demite-se
Horacio Villalobos

O ministro da Administração Interna demitiu-se esta sexta-feira, na sequência da acusação de homicídio por negligência do Ministério Público ao seu motorista pelo atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano.

Eduardo Cabrita ocupava o cargo de ministro da Administração Interna desde outubro de 2017. Antes, foi ministro Adjunto do primeiro-ministro, entre novembro de 2015 a outubro de 2017.

"Entendi solicitar hoje [sexta-feira] a exoneração das minhas funções de ministro da Administração Interna ao senhor primeiro-ministro", afirmou Eduardo Cabrita.

Numa declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, e na qual começou por fazer um balanço do seu mandato, Eduardo Cabrita referiu-se ao acidente que provocou a morte de um trabalhador na autoestrada A6, dizendo que "mais do que ninguém" lamenta "essa trágica perda irreparável", deixando críticas ao "aproveitamento político que foi feito de uma tragédia pessoal", algo que disse ter observado "com estupefação".

"É por isso que hoje não posso permitir que este aproveitamento político absolutamente intolerável seja utilizado no atual quadro para penalizar a ação do Governo, contra o primeiro-ministro, ou mesmo contra o PS. Por isso entendi solicitar a exoneração hoje das minhas funções de ministro da Administração Interna ao senhor primeiro-ministro", disse o ministro demissionário.

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Após este anúncio, Eduardo Cabrita deixou ao primeiro-ministro António Costa uma palavra de agradecimento pela "oportunidade de partilhar estes seis anos de dedicação intensa à causa pública e, sobretudo, estes quatro anos que me tornaram desde há alguns dias o ministro da Administração Interna com o mais longo mandato em democracia".

"É um Ministério particularmente difícil, exigente, e sujeito diariamente à incerteza e ao imprevisto. Por isso, agradeço a solidariedade e o apoio pleno do primeiro-ministro, o trabalho intenso com todos os colegas de Governo, mas permitam-me uma palavra muito especial aos meus secretários de Estados (...) os meus colaboradores mais diretos ao longo destes seis anos"


A decisão surge no dia em que o Ministério Público acusou o motorista do agora ex-ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita de homicídio por negligência, no caso do atropelamento mortal de um trabalhador na A6.

Motorista de Eduardo Cabrita acusado de homicídio por negligência

O motorista do ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita foi acusado de homicídio por negligência, no caso do atropelamento mortal de um trabalhador na A6. A SIC Notícias teve acesso à acusação do Ministério Público que concluiu que "houve total inobservância das precauções exigidas pela mais elementar prudência".

Na viatura, além do ministro e do motorista, seguiam mais três pessoas, uma delas um tenente-coronel de Infantaria da GNR, que é oficial de ligação no gabinete do ministro.

O carro seguia a 163 quilómetros por hora, quando ocorreu o atropelamento ao quilómetro 77 da A6, no sentido Estremoz-Évora, pelas 13h08.

O processo correu no Departamento Central de Investigação e Ação Penal de Évora e já não está em segredo de Justiça.

A acusação do Ministério Público, a que a SIC Notícias teve acesso, diz que o motorista Marco Pontes, o único acusado no processo, "agiu com total inobservância das precauções exigidas pela mais elementar prudência" e a velocidade a que seguia excedia "em mais de 40 quilómetros/hora" o limite de velocidade "máximo legalmente estipulado para a circulação em autoestradas".

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