A Costa Vicentina acolhe ainda este mês o Festival do Sargo. A SIC aproveitou para visitar o Sítio do Forno, no concelho de Aljezur, para perceber como é confecionada a caldeirada deste peixe tão apreciado na região.
Sabe melhor quando é apanhado à cana, mas as regras do Parque Natural têm vindo a limitar a sua captura, que assegura a subsistência de centenas de famílias.
Marco Rosa, pescador profissional, seguiu sozinho em direção ao mar, mas por norma pescam a pares. “É preciso ter muita atenção”, garante Marco que herdou os ensinamentos do avô.
Sargo é um produto de marca no concelho. Num dia bom é possível apanhar até 40 quilos.
Ana conta o segredo na cozinha
Depois de chegado ao restaurante, Ana Rodrigues, cozinheira no Sítio do Forno, prepara os ingredientes que servem de base à famosa caldeirada. A ideia é dispor tudo por camada.
“O meu segredo é não por agua na caldeirada, só os ingredientes e cerveja”, garante a cozinheira, que revela à SIC todas as dicas do prato.
Preços sobem e as dificuldades aparecem
Com o pescado a subir de preço, há menos pratos como este confecionados na região e a maioria dos que restam é apenas sob encomenda. Os restaurantes passam a recorrer às grandes superfícies, ainda que não falte Sargo na costa.
Sérgio Santos, responsável pelo Sítio do Forno, conta que “todos os pescadores que normalmente iam a rocha já não podem fazê-lo, e portanto ficam um mês e meio sem ganhar dinheiro”.
Um quilo de sargo ronda os 15 euros, mas, há anos, era possível comprá-lo por 5. O título de “estrela da gastronomia local” já parece uma ilusão para muitos, dadas as restrições de captura.
“O Sítio da Barradinha é um dos locais prediletos para a apanha, aqui autorizada apenas a profissionais apeados. São impedimentos como este que vão tornando cada vez mais difícil passar o testemunho”, frisa Sérgio Santos. “Isto é uma coisa em vias de extinção”, lamenta o pescador Marco Rosa.
Ter sargo de Aljezur na ementa do dia nem sempre é possível, mas quando é a diferença sente-se no paladar.