Recebem milhões de libras para tratar lixo e abandonam-no nas praias. A agência britânica do ambiente chama-lhes "os novos traficantes", são gangues envolvidos em crimes como lavagem de dinheiro e tráfico humano.
Numa manhã fria de fevereiro, cerca de uma dúzia de voluntários reúnem-se na praia de Minster, na Ilha de Sheppey, em Kent, para recolher resíduos. Entre os detritos encontrados há entulho de construção e lixo doméstico triturado, despejados em massa entre 2020 e 2023.
"80% é entulho das obras, depois há coisas estranhas como alcatifas desfeitas, árvores de Natal cortadas, pedaços de carpete e até material esponjoso de parques infantis"
Os moradores da Ilha de Sheppey dizem-se indignados e sentem-se abandonados. Criticam a Agência Ambiental por não ter agido rapidamente para interromper o despejo de resíduos. Apesar dos esforços mensais de limpeza, o mar continua a trazer mais lixo.
Os despejos ilegais de resíduos estão a crescer em todo o país, com gangues criminosos a explorar uma atividade considerada de baixo risco com uma alta recompensa. As autoridades inglesas não têm recursos suficientes para combater estes crimes. Sam Corp, representa uma associação ambiental e defende que a regulamentação devia ser mais rigorosa e multas mais severas para dissuadir os criminosos, que tratam as multas como despesas legítimas dos negócios.
Dos 1.453 locais de despejo ilegal registados pela Agência Ambiental do Reino Unido na última década, apenas 13 resultaram em processos judiciais.