A Pfizer anunciou esta quinta-feira que começou os ensaios clínicos da vacina contra a covid-19 em crianças com mais de 6 meses e menos 11 anos, com os primeiros resultados esperados para o início de 2022.
"Administrámos as primeiras doses em crianças a fim de avaliar a segurança, a forma como é tolerada e a imunogenicidade da vacina, eventuais efeitos secundários para prevenir a covid-19 em crianças entre os 6 meses e os 11 anos", comfirmou a empresa norte-americana à AFP.
Imunogenicidade é a capacidade de uma substância desencadear uma resposta imunitária do organismo.
Os primeiros voluntários no estágio inicial do ensaio receberam as primeiras injeções na quarta-feira, 24 de março, disse a porta-voz da Pfizer, Sharon Castillo, à agência Reuters..Numa primeira fase do ensaio serão dadas três doses da vacina às crianças. Nos adultos são dadas duas doses.
"Esperamos que a vacina possa estar disponível para as crianças mais novas no início de 2022".
Paralelamente, está em curso um outro ensaio clínico com 2.200 crianças com idades entre os 12 e os 15 anos, com os resultados aguardados "para breve", segundo a empresa.
A vacina da Pfizer/BioNTech é atualmente administrada em duas doses a maiores de 16 anos nos países onde já foi aprovada, como é o caso de Portugal.
Moderna também iniciou ensaios da vacina em crianças
A 16 de março, a empresa de biotecnologia norte-americana Moderna anunciou que começou os ensaios clínicos com a sua vacina contra a covid-19 em milhares de crianças com idades entre os 6 meses e os 11 anos, nos EUA e Canadá.
As crianças correm um risco menor de gravidade da doença pelo que a sua vacinação não foi a prioridade. No entanto, há uma percentagem que fica gravemente doente ou desenvolve aquilo que os investigadores chamam síndrome inflamatória pediátrica (PIMS-TS), segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC).
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No entanto, as crianças e jovens com menos de 18 anos representam uma parte importante da população, por exemplo, nos EUA, representam cerca de 1/5 da população, razão pela qual também será importante vaciná-las para que seja possível alcançar a imunidade de grupo.
Breve cronologia do desenvolvimento da vacina Pfizer/BioNTech
► A farmacêutica Pfizer e a empresa de biotecnologia BioNTech anunciaram na segunda semana de novembro que a sua vacina BNT162b2 contra a Covid-19 alcançou 90% de eficácia nos testes.
►Uma semana depois anunciaram ter concluído os testes com 95% de eficácia. A 19 de novembro o responsável da BioNTech revelou a possibilidade de a vacina poder começar a ser administrada antes do Natal e anunciou no dia seguinte que tinha apresentado um pedido de emergência para aprovação junto da FDA.
►O Reino Unido foi o primeiro país a aprovar a vacina da Pfizer/BioNTech e, a 8 de dezembro, foi o primeiro país a iniciar a campanha de vacinação contra a covid-19.
Além do Reino Unido, esta vacina recebeu autorização nos Estados Unidos - onde começou a ser administrada a 14 de dezembro -, Canadá, Singapura, México e Costa Rica.
►É uma das três vacinas que estão a ser administradas em Portugal, juntamente com a da Moderna e da Oxford/AstraZeneca.
Vacinas contra a covid-19: as que estão a ser usadas e as que estão a caminho
Em menos de um ano desde que foi declarada a pandemia foram desenvolvidas várias vacinas em laboratórios por todo o mundo. A primeira vacina a obter autorização de emergência para inoculação foi a da Pfizer e BioNTech. O Reino Unido foi o primeiro país a aprovar esta vacina e a iniciar a campanha de vacinação, em dezembro de 2020.
Até ao final de fevereiro de 2021 havia um total de 69 vacinas - compreendendo as que estão já em utilização e as que estão em ensaios clínicos, segundo a Organização Mundial de Saúde. Há ainda 181 ainda em desenvolvimento no estádio pré-clínico, ou seja, ainda não foram testadas em seres humanos.
Mais de 2,7 milhões de mortos em todo o mundo
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.745.337 mortos no mundo, resultantes de mais de 124,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Os países mais atingindos continuam a ser os Estados Unidos, o Brasil, o México, a Índia e o Reino Unido.
Em Portugal, morreram 16.814 pessoas e há 819.210 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A covid-19 é uma doença respiratória causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Links úteis
- Atualização semanal da execução do Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19
- ECDC - listagem que permite seguir o número de vacinas já administradas na Europa
- Universidade de Oxford - dados sobre evolução da vacinação contra a covid-19
- Bloomberg - listagem que permite seguir o número de vacinas já administradas no mundo
- London School of Hygiene & Tropical Medicine - gráfico que mostra o progresso dos projetos de vacinas
- Especial sobre o novo coronavírus / Covid-19
- Covid-19 DGS/Ministério da Saúde - mapa dos números
- Covid-19 DGS - relatórios de situação diários
- Linha SNS24
- Direção-Geral da Saúde (DGS)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças