O primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, apelou esta terça-feira à calma entre a população, após uma explosão no seu território atribuída pelo Governo polaco a um "projétil de fabrico russo", anunciando ainda o reforço do controlo do espaço aéreo.
"Peço a todos os polacos que mantenham a calma perante esta tragédia. Sejamos cuidadosos. Não sejamos manipulados. Demos mostrar moderação e cautela", realçou Morawiecki após uma reunião de urgência do Conselho de Ministros deste país da NATO.
Mateusz Morawiecki anunciou ainda um reforço do controlo do espaço aéreo do país "de forma melhorada em conjunto com os aliados" e um aumento da prontidão de combate das Forças Armadas.
Em conferência de imprensa em Varsóvia, o governante polaco assegurou que "especialistas" estão a trabalhar no terreno para obter dados sobre a explosão de um míssil na cidade polaca de Przewodów (leste), situada a poucos quilómetros da fronteira com a Ucrânia e que provocou a morte de duas pessoas.
"Estamos a trabalhar para determinar as causas e tudo o que aconteceu: os nossos aliados de outros países também estão a trabalhar connosco no local da tragédia", explicou Morawiecki.
O primeiro-ministro polaco confirmou ainda que o seu Governo está a ponderar invocar o Artigo 4.º da NATO, segundo o qual os aliados "se consultarão quando, na opinião de qualquer um deles, a integridade territorial, a independência política ou a segurança de qualquer das partes for ameaçada".
Por sua vez, o Presidente polaco, Andrzej Duda, explicou que o seu país ainda não tinha "provas inequívocas" sobre o autor do lançamento do míssil que matou duas pessoas no leste do país, assegurando que a investigação "está em andamento".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Polónia tinha confirmado momentos antes que um "projétil de fabrico russo" atingiu o território deste país da NATO, causando a morte a duas pessoas.
"Às 15:40 (14:40 em Lisboa), na vila de Przewodów (...), um projétil de fabrico russo caiu, matando dois cidadãos da República da Polónia", salienta um comunicado de Lukasz Jasina, o porta-voz do ministério.
A mesma nota acrescentava que o embaixador russo na Polónia foi convocado para prestar "explicações detalhadas".
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, vai realizar esta terça-feira uma "reunião de emergência" com os embaixadores da Aliança Atlântica sobre esta ocorrência, disse um porta-voz na terça-feira.
Entre os muitos líderes ocidentais que já reagiram ao incidente, o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, garantiu também que o seu Governo está a "acompanhar de perto os desenvolvimentos", salientando os “relatos preocupantes de explosões e vítimas na Polónia, perto da fronteira ucraniana”.
Já o Presidente da Roménia, Klaus Iohannis, manifestou a sua solidariedade com a "amiga e aliada Polónia", após "as notícias preocupantes relacionadas com as explosões em seu território".
"Estamos em contacto com nossos parceiros e aliados", acrescentou Iohannis.
Também o porta-voz do chanceler alemão divulgou que Olaf Scholz falou ao telefone com o Presidente polaco para expressar "as suas condolências" a para assegurar o apoio ao parceiro na NATO.
No final da tarde de terça-feira, um alto funcionário dos serviços de informações dos Estados Unidos disse que mísseis russos caíram na Polónia.
De imediato o Governo polaco aumentou "o nível de alerta de algumas unidades militares" após uma reunião de emergência da Comissão de Segurança Nacional da Polónia e enquanto anunciava a investigação do sucedido.
Em reação, o Ministério da Defesa da Rússia disse esta terça-feira que os relatos de queda de mísseis russos na Polónia são "uma provocação deliberada para escalar a situação", negando a responsabilidade pelo ataque.
Num comunicado, o Ministério da Defesa da Federação Russa acrescentou que os destroços nas fotografias divulgadas por vários meios de comunicação ocidentais "nada têm a ver com os meios de destruição russos".
Por outro lado, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de disparar os mísseis contra a Polónia, defendendo que este é um "ataque à segurança coletiva" e uma "escalada muito significativa" no conflito.
De acordo com a Força Aérea ucraniana, a Rússia disparou esta terça-feira sobre as infraestruturas de produção de energia elétrica de várias regiões ucranianas "cerca de" 100 mísseis, causando cortes de eletricidade, além de ter atingido igualmente zonas residenciais e feito pelo menos um morto na capital ucraniana, Kiev.