O Orçamento do Estado para 2022 está em debate na Assembleia da República, enfrentando uma situação de chumbo anunciado. O Bloco de Esquerda e o PCP, que têm vindo a viabilizar os documentos anteriores, afirmam que vão votar contra o documento. Ricardo Costa, diretor de informação da SIC, explica o que mudou na geringonça.
“Todos começaram a achar que só estavam a cumprir calendário, apesar de faltarem dois anos. Se isto fosse uma relação só a dois, ainda podia eventualmente arranjar-se uma solução, mas é a três. O Bloco já estava fora há um ano e o PCP entendeu que, depois do que aconteceu nas autárquicas, a corrente interna que achava que o apoio ao governo do PS não era uma decisão muito lógica ganhou força”, explica o jornalista no Primeiro Jornal.
Para Ricardo Costa, o PCP “voltou ao antigo testamento”, optando por seguir um caminho mais próximo do que tinha antes de 2015, momento em que acordou o apoio parlamentar ao Governo de António Costa.
► Quem ganha com eleições antecipadas?
Sobre o futuro do Executivo, o diretor de informação afasta a possibilidade de haver uma maioria absoluta do PS numas novas eleições legislativas, alertando para a situação “muito difícil” que o partido terá de enfrentar.
“O PS não tem maioria absoluta. E depois ganha e governa com quem? Com as mesmas pessoas que acabaram de anular qualquer hipótese? A probabilidade de um Governo PS é incrivelmente baixa, mesmo que ganhe eleições. Porque ainda por cima o PS mantém a ideia de que não faz nada com o PSD”, afirma.
Ricardo Costa identifica dois partidos que têm a ganhar com as eleições: o Chega e a Iniciativa Liberal.
“Apesar do Chega ser um partido que tem, obviamente, condições para crescer – tem um deputado que está a crescer, é inevitável – a mudança do PSD não o favorece. O Chega ganharia muito mais com Rui Rio como líder do partido.”
O diretor de informação acredita que Marcelo Rebelo de Sousa “vai respeitar as eventuais mudanças dentro dos dois partidos importantes e fundadores da democracia” – referindo-se ao PSD e ao CDS que têm eleições internas marcadas ainda este ano.
“Eu diria que Paulo Rangel tem probabilidade de fazer um resultado muito melhor em legislativas do que Rui Rio, parece-me absolutamente evidente, sobretudo porque é uma novidade, não tem nenhum desgaste. Se olharmos para a história os líderes que foram a eleições chegando há pouco tempo às lideranças dos partidos normalmente são bastante beneficiados”.
Sobre o CDS, Ricardo Costa sublinha que se trata de um partido “em vias de extinção”: “Agora na COP26 vai-se discutir a biodiversidade e o CDS é uma das espécies em extinção que podia ser estudada em Glasgow.”
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