Marcelo Rebelo de Sousa já falou, esta quinta-feira, com o presidente da Câmara de Lisboa sobre a partilha de dados de manifestantes russos com as autoridades daquele país e disse compreender o pedido de desculpa de Fernando Medina.
Em resposta a questões dos jornalistas, à saída da Reitoria da Universidade da Madeira, onde almoçou a seguir à cerimónia militar comemorativa do 10 de Junho, no Funchal, o Presidente da República informou que durante este almoço falou com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa e reiterou que este é um caso lamentável.
Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, que também esteve neste almoço com Marcelo, não quis falar aos jornalistas.
O chefe de Estado relatou que Fernando Medina lhe explicou "que tinha já pedido desculpa porque tinha havido uma comunicação, que em teoria é uma comunicação burocrática que se faz, em termos de serviços administrativos, sobre quem organiza e quem assume a responsabilidade das manifestações, e que isso foi objeto de um extravio e de uma utilização indevida que acabou por, como ele reconheceu, ter tido os efeitos que foram noticiados".
"Realmente é lamentável que isso tenha acontecido, e percebo o presidente de desculpa do senhor presidente da Câmara Municipal de Lisboa. O que ele disse é, no fundo, aquilo que todos os responsáveis sentem, que não devia acontecer, não devia ter acontecido e espera-se que não volte a acontecer", considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "o presidente da Câmara Municipal apresentou as suas desculpas aos cidadãos" que promoveram uma manifestação em frente à Embaixada da Rússia, em Lisboa, em defesa da libertação do opositor russo Alexei Navalny, pela partilha dos seus dados com as autoridades russas.
"Porque não se trata aqui de atingir um Estado estrangeiro, mas cidadãos estrangeiros", acrescentou o Presidente da República.
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