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Detenção de Joe Berardo. Falta de meios no Ministério Público atrasou o caso

"Há de facto meios técnicos que são essenciais e há pouco investimento nessa matéria", defende Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.

O empresário Joe Berardo, acionista de referência do BCP, à chegada ao Campus de Justiça onde vai testemunhar no julgamento do processo-crime instaurado pelo Ministério Público contra quatro antigos altos quadros do BCP, 09 de janeiro de 2013
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Na operação que levou à detenção do empresário Joe Berardo está a ser feita cerca de meia centena de buscas com a intervenção de 138 elementos da Polícia Judiciária, acompanhados de nove magistrados do Ministério Público, sete juízes de instrução criminal e 27 inspetores da Autoridade Tributária. O processo da investigação tem cerca de cinco anos.

Na perspetiva do Ministério Público, assume que teria sido possível uma investigação "mais célere", caso houvesse mais gente e meios técnicos.

"não se logrou assumir a celeridade desejável, apenas por carência de meios técnicos e outros ajustados à natureza, dimensão e complexidade da investigação".

As queixas foram tornadas públicas no site do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) à boleia do comunicado que revelou as diligências de busca e detenção feitas no ambito da operação Caixa Geral de Depósitos.

O Ministério Público levantou o véu às dificuldades internas, "há de facto meios técnicos que são essenciais e há pouco investimento nessa matéria" adianta Adão Paulo Carvalho, Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.

Numa nota enviada à SIC o PCP lembra que já pediu contas ao Governo:

"É importante não esquecer que no Orçamento do Estado para 2021, por proposta do PCP, o Governo foi incumbido de apresentar à Assembleia da República um plano plurianual de investimento na investigação criminal que identifique e quantifique medidas de investimento para um período de quatro anos"

A SIC solicitou uma entrevista à Ministra da Justiça que recusou tecer qualquer comentário às criticas do Ministério Publico.

Joe Berardo é suspeito de ter lesado os três maiores bancos do país - Caixa geral de Depósitos, Novo Banco e BCP - em quase mil milhões de euros, dissipando património e dinheiro da esfera pessoal com recurso a várias empresas-veículo.

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