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Próximo Presidente tem de ter a "proximidade de Marcelo", mas devolver "alguma seriedade" ao cargo

Bruno Costa, analista de Ciência Política, considera que "há margem" para o próximo Presidente da República devolver "algum institucionalismo" ao cargo. Para o especialista a "proximidade" de Marcelo aos cidadãos era essencial na política portuguesa.

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Bruno Costa, analista de Ciência Política, considera que Marcelo Rebelo de Sousa, que só falou da guerra na Ucrânia na Universidade de Verão do PSD, "sabia ao que ia" ao participar no encontro partidário. No entanto, realça que irá, mais cedo ou mais tarde, comentar a sucessão à Presidência da República. Para o especialista, o próximo Chefe de Estado tem de ter a "proximidade" de Marcelo, mas tem de "devolver algum institucionalismo" ao cargo.

Ser popular e ser populista

"A visão do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa é muito interessante. Vai ao encontro de alguns estudos que apontam, para uma linha de separação entre ser popular e ser populista. Marcelo Rebelo de Sousa sabe que corre o risco de, ao falar de quase tudo, estar presente em várias situações de dificuldade, ao se aproximar como nunca outro político se aproximou das pessoas vivendo os seus problemas e dificuldades, está a assinalar esses temas para os cidadãos comuns, para os partidos políticos. Acaba, de certo modo, por tocar muito na agenda dos partidos populistas que salientam as dificuldades das pessoas para cavalgar o apoio eleitoral", afirma.

O analista em Ciência Política considera que este grau de proximidade era "necessário" na política portuguesa, uma vez que há um "desligar" e uma "não identificação" dos cidadãos em relação aos representantes políticos.

"Se nós analisarmos os atores políticos que estão no poder em Portugal, não há muitas diferenças face àqueles que estavam também jà em cargos governativos, em cargos executivos, há 20 ou 30 anos", assinala.

Participação na Universidade de Verão do PSD e o próximo Presidente

Bruno Costa refere, na Edição da Manhã, que o Presidente da República "sabia ao que ia", ou seja, a um encontro partidário da sua família política. No entanto, defende que vai "acabar por comentar" os hipotéticos sucessores, inclusive as "características e perfil" do próximo Presidente da República.

Para o especialista em Ciência Política, a proximidade que Marcelo criou tem de ser "repetida":

"Dificilmente teremos um próximo Presidente da República com um perfil que não procure cultivar esse grau de proximidade", diz.

Contudo, realça que essa proximidade não pode banalizar a instituição.

"Acredito que há margem para o próximo Presidente da República devolver algum institucionalismo e alguma seriedade ao exercício do cargo", aponta.

Sobre a disponibilidade de Luís Marques Mendes para o cargo, Bruno Costa considera que procurou antecipar-se para reunir "vários hipotéticos candidatos à Presidência da República".