1 – DILEMA ÉTICO DE PROPORÇÕES EXISTENCIAIS
“Convocar todos os países a adotarem “net-zero emissions” por 2050”. Foi esta a posição dos LMDC (Like-Minded Developing Countries), um grupo de 24 países, entre os quais estão China, Índia e Arábia Saudita.
A soma desses 24 países representa perto de metade do total das emissões de carbono a nível global. Uma das marcas que ficam desta COP26 em Glasgow é o debate entre os países mais ricos e desenvolvidos e as nações em busca do desenvolvimento, para já mais pobres, sobre como encarar o “burden-sharing” da preservação do planeta. É um dilema complicado, com “proporções existenciais”, diz Ian Bremmer, presidente do Eurasia Group.
2 – A CATÁSTROFE CLIMÁTICA AINDA ESTÁ A BATER À PORTA
Se há tema que já não oferece grande discussão científica é que não há caminho concebível para o aquecimento global abaixo de 2 graus Celsius - muito menos 1,5 ° C, a meta atual - onde a China e a Índia não parem de emitir dióxido de carbono. Enquanto esses dois países não assumirem um compromisso bem maior do que atingir a neutralidade carbónica por 2060 (China) e 2070 (Índia), a catástrofe climática continuará a bater-nos à porta.
3 – DESIGUALDADE CLIMÁTICA EM NÚMEROS
Se adicionarmos o fator população aos índices de emissão, vemos que China, Índia, Brasil e Indonésia – que juntos emitem 42% do total dos gases poluentes no mundo – mas representam 23% da população mundial.
Em sentido contrário: EUA, Rússia, Alemanha, Reino Unido e Canadá têm, juntos, 39% das emissões poluentes mas apenas 10% da população. Isto mostra-nos que os Estados Unidos têm uma responsabilidade evidente nas alterações climáticas – mesmo estando abaixo da China no total das emissões.
Nos últimos 15 anos, os chineses ultrapassaram largamente os norte-americanos na fatura climática: emites mais do dobro de gases poluentes, atingindo mais de um quarto do total mundial.
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