O corte em 0,5 pontos percentuais nas taxas de juro para 0,25% pretende ajudar empresas e famílias, durante o "choque económico" causado pelo surto de Covid-19, afirmou hoje o governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney.
"O papel do Banco de Inglaterra é ajudar empresas e agregados familiares a aguentarem durante um choque económico que pode tornar-se grande e agudo, mas deve ser temporário", afirmou, durante uma conferência de imprensa esta manhã.
Para além do corte das taxas de juro, foi anunciado um pacote de medidas, que inclui flexibilidade para os bancos reduzirem as suas reservas e incentivos para os bancos disponibilizarem crédito a Pequenas e Médias Empresas até 100 mil milhões de libras, para "ajudar a refletir o corte das taxas de juro".
O governador do banco central britânico destacou "a magnitude do choque do coronavírus altamente incerta" e que "é provável que a atividade [económica] decresça nos próximos meses", com uma perturbação significativa nas redes de fornecimento.
Esta conjuntura deverá resultar em problemas de fluxo financeiro e aumentar a procura por crédito de curto prazo por agregados familiares e pequenas empresas.
"As medidas vão ajudar empresas a manter-se em atividade e pessoas nos empregos e vão evitar que uma perturbação temporária tenha efeitos prolongados", justificou Carney.
O anúncio, feito esta manhã pelas 8:00 apanhou os mercados de surpresa, já que a decisão não foi tomada após uma reunião da comissão que normalmente avalia a necessidade deste tipo de ação.
Carney disse que a intervenção foi feita para coincidir com o anúncio de mais medidas que vão ser anunciadas pelo ministro das Finanças, Rishi Sunak, pelas 12:30, quando apresentar o orçamento de Estado.
"Maximizar resposta implica continuidade ao longo do tempo", vincou.
Andrew Bailey, que vai substituir Mark Carney dentro de dias, participou na discussão e disse estimar-se que "o impacto deve ser inferior ao dos testes de stresse", mostrando confiança na resiliência do sistema bancário.
Por outro lado, vincou que as medidas do Banco de Inglaterra deverão remover quaisquer "obstáculos para fornecer crédito à economia" e que avisou que o Banco vai acompanhar as condições de crédito oferecidas pelos bancos para que reflitam o corte das taxas de juro e incentivos.
Na terça-feira, os bancos britânicos RBS, participado pelo Estado, e TSB, do banco espanhol Sabadell, anunciaram que vão permitirão aos clientes afetados pelo COVID-19 adiarem o pagamento do empréstimo de compra da casa por alguns meses, para mitigar o impacto económico do vírus.
Até terça-feira, o balanço oficial das autoridades britânicas era de 373 casos confirmados de Covid-19 no Reino Unido e seis mortos.
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