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Nobel da Paz para jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov pela defesa da liberdade de expressão

Os dois jornalistas foram distinguidos "pela corajosa luta pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia".

Dmitry Muratov, editor do jornal russo Novaya Gazeta, e Maria Ressa, editora do site filipino Rappler
Dmitry Muratov, editor do jornal russo Novaya Gazeta, e Maria Ressa, editora do site filipino Rappler
Mikhail Metzel/Aaron Favila / AP

O prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído aos jornalistas Maria Ressa (Filipinas) e Dmitry Muratov (Rússia) “pelos seus esforços em salvaguardar a liberdade de expressão, condição essencial para a democracia e para uma paz duradoura” nos respetivos países, anunciou o Comité Nobel Norueguês.

Maria Ressa e Dimitri Muratov “são os representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo onde a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais desfavoráveis”, declarou a presidente da comissão do Nobel, Berit Reiss-Andersen, em Oslo.

"Sem liberdade de expressão e liberdade de imprensa, será difícil promover com sucesso a fraternidade entre nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor para ter sucesso no nosso tempo. A atribuição deste ano do Prémio Nobel da Paz está, por isso, firmemente ancorada nas disposições da vontade de Alfred Nobel", acrescentou.

Maria Ressa, de 58 anos, é editora e cofundadora do site filipino de jornalismo de investigação Rappler.que denunciou "a polémica e assassina campanha antidrogas do regime do Presidente filipino Rodrigo Duterte", sublinhou o Comité Nobel.

A jornalista, que também tem nacionalidade norte-americana, foi condenada em junho por difamação, mas foi libertada sob fiança num caso em que pode ser condenada até seis anos de prisão.

Dmitry Muratov, de 59 anos, é um dos fundadores do jornal Novaya Gazeta, criado em 1993, e de que é chefe de redação há 24 anos, uma publicação muito crítica do Kremlin que enfrenta uma repressão feroz.

O Comité Nobel salientou que o jornal denunciou "a corrupção, a violência policial, as prisões ilegais, a fraude eleitoral e as 'quintas de trolls' e pagou um preço alto": seis dos seus jornalistas perderam a vida, incluindo Anna Politkovskaïa, morta há 15 anos.

O Kremlin já reagiu e elogiou a "coragem" e o "talento" do jornalista.

Muratov dedica o Nobel à Novaya Gazeta e aos jornalistas assassinados

O jornalista russo dedicou o seu Nobel da Paz ao jornal ao seu jornal e aos seus jornalistas que foram assassinados pelo seu trabalho e investigações.

“Não é mérito pessoal meu. É mérito de Novaïa Gazeta. É daqueles que morreram defendendo o direito das pessoas à liberdade de expressão”, disse, citado pela agência de notícias estatal TASS, e listando os nomes dos seis jornalistas e colaboradores de jornais assassinados, incluindo Anna Politkovskaya.

“É a melhor época para ser jornalista", diz Maria Ressa

A atribuição do Nobel da Paz aos dois jornalistas prova que “nada é possível sem os factos”, afirmou a filipina Maria Ressa, numa entrevista transmitida em direto no site de investigação onde trabalha, Rappler.

"Um mundo sem factos significa um mundo sem verdade e sem confiança".

A jornalista disse ter ficado "em choque" com o anúncio do prémio e garantiu que o Rappler "continuará a fazer o que fazemos".

“É a melhor época para ser jornalista. Estes momentos em que é mais perigoso são os momentos em que é mais importante" ser jornalista, afirmou

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Os prémios Nobel nasceram da vontade do cientista e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896) em legar grande parte de sua fortuna a pessoas que trabalhem por "um mundo melhor".

O prémio consiste numa medalha, um diploma e dez milhões de coroas suecas (cerca de 950.000 euros).