O grupo farmacêutivo Johnson & Johnson anunciou hoje a interrupção dos ensaios clínicos de uma vacina contra a covid-19 por um dos participantes ter ficado "inexplicavelmente doente".
"Interrompemos temporariamente a administração de novas doses em todos os nossos ensaios clínicos de uma vacina experimental contra a covid-19, incluindo o conjunto de ensaio da fase três, devido a uma doença ainda por explicar num dos participantes", declarou o grupo, em comunicado.
A farmacêutica norte-americana indicou que "a doença do participante está a ser avaliada" pelos médicos e declinou avançar mais pormenores para "respeitar a privacidade deste participante".
"É importante conhecer todos os dados antes de divulgar mais informação", acrescentou a empresa no mesmo comunicado.
Mais de 60 mil voluntários para a fase 3
Em 23 de setembro, a empresa norte-americana deu início aos ensaios da fase 3, última etapa de desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19, cujo nome oficial é Ad26.COV2.S e foi desenvolvida pela farmacêutica Janssen Pharmaceuticals, que faz parte do grupo Johnson & Johnson.
Foram recrutados cerca de 60 mil participantes em 200 locais nos EUA e outros países como na Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru e África do Sul.
Os EUA financiaram o projeto com cerca de 1,45 mil milhões de dólares no âmbito do programa da Casa Branca para acelerar a produção de vacinas, a operação Warp Speed.
A vacina Ad26.COV2.S
A candidata a vacina da farmacêutica Janssen Pharmaceuticals é baseada numa dose única de um adenovírus, responsável pela constipação, modificado de tal forma que não se consegue replicar e combinado como uma parte do coronavírus Sars-CoV-2 chamada proteína de pico, (spike) que o vírus usa para entrar nas células humanas.
O laboratório recorreu à mesma técnica que usou para a sua vacina contra a febre hemorrágica Ébola, cuja comercialização foi aprovada pela Comissão Europeia em julho.
As vacinas mais promissoras no combate à Covid-19
Laboratórios por todo o mundo estão numa corrida contra o tempo para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus. Há dezenas de equipas a testar várias candidatas a vacina, algumas estão mais avançadas e são promissoras, mas os cientistas avisam que nenhuma deverá estar pronta antes do fim deste ano ou mesmo no próximo ano.
Segundo o London School of Hygiene & Tropical Medicine, (que tem um gráfico que mostra o progresso das experiências) há 248 projetos e 49 estão na fase de ensaios clínicos, sendo que 10 estão na fase III - que consiste na inoculação da vacina em milhares de voluntários a fim de determinar se impede de facto a infeção.
O projeto entre a Universidade de Oxford e a AstraZeneca é um dos mais promissores, a que se juntam os da Pfizer e da BioNTech, da Moderna e de vários projetos chineses, nomeadamente da CanSinoBIO que já obteve autorização para administrar a vacina em militares chineses.
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Plataforma global COVAX
O mecanismo COVAX é uma plataforma global para o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19, apoiada pela Organização Mundial da Saúde, para um acesso equitativo às vacinas a preços acessíveis.
Participam vários países, instituições e organizações, como a União Europeia.
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Mais de 1,077 milhões de mortes em todo o mundo
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e setenta e sete mil mortos e mais de 37,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
Links úteis
- Especial sobre o novo coronavírus / Covid-19
- Covid-19 DGS/Ministério da Saúde - mapa dos números
- Covid-19 DGS - relatórios de situação diários
- Linha SNS24
- Direção-Geral da Saúde (DGS)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças
- London School of Hygiene & Tropical Medicine (gráfico que mostra o progresso dos projetos de vacina)