Foram necessários seis meses para ser conhecida a velocidade a que seguia o carro onde viajava o ministro Eduardo Cabrita e que matou um trabalhador na A6. O único acusado no processo é o motorista.
A velocidade mais provável a que circulava o veículo era 163km/h. A acusação do Ministério Público, que foi conhecida esta sexta-feira, responsabiliza só um arguido: Marco Pontes, de 43 anos, que era o motorista de Eduardo Cabrita.
No documento, a que a SIC teve acesso, os procuradores do DIAP de Évora dizem que o veículo seguia na via da esquerda e baseiam-se nos peritos da Universidade do Minho para concluir que a velocidade estaria entre os 155 e os 171km/h. Uma velocidade que ultrapassa em mais de 40km/h o limite legal nas autoestradas.
O Ministério Público considera que o motorista agiu com total inobservância das precauções exigidas pela mais elementar prudência e que o acidente se ficou a dever ao facto de conduzir com manifesta falta de cuidado e atenção. Marco Pontes vai agora responder por um crime de homicídio por negligência, punido com uma pena até três anos de prisão.
Afasta o crime de condução perigosa por entender que não era possível prever o perigo que deu origem ao acidente, ou seja, que era impossível adivinhar que a vítima iria atravessar a estrada.
O ministro Eduardo Cabrita, que entretanto apresentou a demissão, rejeita responsabilidades e garante que a vítima atravessou uma via não sinalizada. No entanto, o Ministério Público diz o contrário: que os trabalhos estavam devidamente sinalizados por um veículo de proteção com um sinal de trabalhos na estrada e duas luzes rotativas.
Cabrita será uma das 16 testemunhas arroladas pelo Ministério Público neste processo.
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