País

João Rendeiro "continuará sob custódia", nova audiência a 10 de janeiro

O juiz de instrução recusou o pedido da defesa e disse que a "África do Sul não pode dar-se ao luxo de ser um lugar seguro para fugitivos".

14 de dezembro: o ex-banqueiro João Rendeiro na sala de tribunal em Verulam, Durban, África do Sul onde foi presente ao juiz. João Rendeiro foi preso num hotel em Durban, na província sul-africana do KwaZulu-Natal, numa operação que resultou da cooperação entre as polícias portuguesa, angolana e sul-africana.
14 de dezembro: o ex-banqueiro João Rendeiro na sala de tribunal em Verulam, Durban, África do Sul onde foi presente ao juiz. João Rendeiro foi preso num hotel em Durban, na província sul-africana do KwaZulu-Natal, numa operação que resultou da cooperação entre as polícias portuguesa, angolana e sul-africana.
Luis Miguel Fonseca

O tribunal de Verulam, Durban, rejeitou esta sexta-feira libertar João Rendeiro sob caução, como pedia a defesa, enquanto decorre o processo de extradição pedida pelas autoridades portuguesas à África do Sul.

A audiência a João Rendeiro na África do Sul estava marcada para as 7:00. Apesar de ter sido anunciado um adiamento para as 11.00 locais, 9:00 em Lisboa, o juiz iniciou a audiência cerca de 45 minutos após a hora inicialmente prevista.

"Ainda não foi recebido nenhum pedido de extradição", referiu o juiz sul-africano Rajesh Parshotam, que proferiu uma longa declaração, antes de anunciar a decisão sobre o caso.

"O arguido tem grande probabilidade de fugir", considerou o magistrado, antes de anunciar a recusa da defesa do ex-banqueiro, que pedia a libertação sob caução.

“Se não respeita processos judiciais em Portugal porque iria respeitar na África do Sul", disse o juiz.

"Libertá-lo não seria pelo interesse da justiça, nem aqui nem em Portugal", acrescentou.

"A fiança foi negada, o arguido continuará sob custódia", afirmou e acrescentou que está marcada nova audiência para 10 de janeiro.

João Rendeiro volta, assim, a tribunal na África do sul em janeiro, até lá continua detido.

O magistrado considerou que a "África do Sul não pode dar-se ao luxo de ser um lugar seguro para fugitivos" e recordou que João Rendeiro já fugiu uma vez.


O juiz disse também que o valor da caução que foi pedido era muito baixo. Confirmou ainda que não recebeu o pedido de extradição do Ministério Público português e por isso só a 10 de janeiro será apreciado.

"Assim que percebeu que ia ficar detido, Rendeiro começou a tremer"

O repórter da SIC Diogo Torres, a acompanhar o processo na África do Sul, deu conta da forma como João Rendeiro se comportou esta sexta-feira em tribunal, explicando que o ex-banqueiro esteve aparentemente calmo durante a audiência.

No entanto, assim que o ex-presidente do BPP percebeu que ia ficar detido, "mudou radicalmente de posição", começou a tremer e não quis falar com os jornalistas, ao contrário do que tem vindo a fazer nos últimos dias.

O ex-banqueiro João Rendeiro no Tribunal de Verulam, onde esteve presente perante um juiz pela primeira vez desde que foi detido no sábado, nos subúrbios de Durban, África do Sul, 13 de dezembro de 2021.
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Terceiro mandado de detenção internacional

Esta semana foi emitido um terceiro mandado de detenção internacional.

João Rendeiro tem, desde quarta-feira, um terceiro mandado de detenção internacional. O novo mandado de captura foi emitido esta quarta-feira pelo juiz Francisco Henriques que a 28 de setembro tinha condenado Rendeiro a 3 anos e seis meses de prisão efetiva por um crime de burla qualificada.

Ao que a SIC apurou, na semana passada, o mesmo magistrado tinha mandado publicar um edital para que Rendeiro se apresentasse em tribunal, sob pena de ser declarado contumaz.

O terceiro mandado de detenção europeu e internacional junta-se a outros dois que já tinham sido postos a circular pelas autoridades nacionais.

A Procuradoria Geral da República está a enviar para o Ministério Público da África do Sul os documentos necessários para a extradição do ex-banqueiro. Portugal tem no máximo 40 dias, a partir da data da detenção de João Rendeiro para entregar todos os elementos. Se falhar o prazo, Rendeiro pode ser libertado.

Rendeiro detido desde sábado

O ex-banqueiro foi preso no sábado, num hotel em Durban, na província sul-africana do KwaZulu-Natal, numa operação que resultou da cooperação entre as polícias portuguesa, angolana e sul-africana.

João Rendeiro estava fugido à justiça há três meses e as autoridades portuguesas reclamam agora a sua extradição para cumprir pena em Portugal.

O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do banco, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros.

O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.

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