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Envio de dados de ativistas. Do pedido de desculpas de Medina ao medo das represálias no regresso à Rússia

Marcelo Rebelo de Sousa afirma que não comenta um caso diplomático que não conhece.

Envio de dados de ativistas. Do pedido de desculpas de Medina ao medo das represálias no regresso à Rússia
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A Câmara Municipal de Lisboa enviou às autoridades russas dados pessoais de três ativistas que organizaram uma manifestação contra a prisão de Alexei Navalny, o principal opositor ao regime de Putin, na capital portuguesa.

No mês de janeiro, quando Navalny foi preso, várias cidades da Rússia foram palco de manifestações em solidariedade com o opositor do regime. Os protestos foram reprimidos pela polícia e três mil pessoas acabaram detida.

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O protesto espalhou-se a vários países e, à semelhança do que acontecia em várias capitais europeias, Lisboa também foi palco de uma manifestação contra a prisão de Navalny em frente à embaixada russa.

Os organizadores da ação – três ativistas russos, dois deles também com nacionalidade portuguesa – seguiram a lei e enviaram os seus dados à Câmara Municipal. Foram estes os dados privados – que incluem números de cartão de cidadão e morada dos ativistas – que foram enviados para a embaixada.

Quando se aperceberam do que a autarquia tinha feito, os ativistas apresentaram uma reclamação pedido que os seus dados fossem apagados. Os ativistas vivem agora na dúvida se podem voltar à Rússia. Afirmam ainda que vão apresentar uma queixa na justiça contra a Câmara Municipal.

Fernando Medina fala em "erro administrativo"

Fernando Medina pede desculpas pelo envio dos dados dos três ativistas para as autoridades russas. O presidente da Câmara de Lisboa fala em erro administrativo que não poderia ter acontecido por colocar em risco a vida dos organizadores da manifestação de contra a prisão de Alexei Navalny.

“Quer assumir esse pedido de desculpas público por um erro a todos os sítios lamentável da Câmara de Lisboa, um erro que não podia ter acontecido em que dados de natureza pessoal foram transmitidos para a embaixada”, disse Fernando Medina numa declaração aos jornalistas

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O autarca defende que o procedimento referente às manifestações é “adequado” no quadro “de um país democrático” e considera que o erro da Câmara Municipal passou por não ter em conta a natureza do protesto.

“Aqui é que há o erro da Câmara: tratando-se desta manifestação – não se tratou de uma manifestação sobre uma matéria difusa, face a uma entidade de outra natureza, tratava-se deste caso concreto – esta informação não podia e não devia ter sido transmitida”, acrescentou.

Sobre o pedido de demissão formulado por Carlos Moedas, Fernando Medina afirma que não se demite. O autarca considera que se trata de um ato de desespero e aproveitamento político muito simplório.

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Vários partidos já condenaram a fuga de informação. Carlos Moedas, candidato do PSD à Câmara de Lisboa, diz que a confirmar-se, a única alternativa de Fernando Medina é a demissão. Esta quarta-feira, numa publicação no Twitter, o candidato do PSD defendeu que Lisboa tem que ser "uma cidade de liberdade, onde se celebra e defende a democracia".

Marcelo Rebelo de Sousa diz que só comenta quando souber pormenores

O Presidente da República foi questionado pelos jornalistas, na Madeira, mas diz que só comenta quando souber mais detalhes sobre o caso.

"Eu não posso, neste momento, estar a comentar uma realidade que não conheço. Ainda por cima uma realidade diplomática", disse Marcelo durante a visita à Madeira no âmbito das comemorações do Dia de Portugal.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, passa em revista as tropas em parada nas Comemorações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, na cidade do Funchal na Madeira
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