Dois laboratórios farmacêuticos, a AstraZeneca e a Johnson & Johnson, anunciaram na sexta-feira que vão retomar os testes da vacina contra a covid-19 com os seus voluntários, segundo a agência Associated Press (AP).
Os testes da AstraZeneca foram interrompidos no início de setembro, enquanto os da Johnson & Johnson foram interrompidos no início da passada semana. Cada empresa teve um voluntário participante no estudo a desenvolver um problema sério de saúde, o que exigiu a revisão dos processos de segurança.
Estas duas tentativas de criar uma vacina estão entre várias candidatas ao teste final, o último passo antes de solicitarem a aprovação do regulador do setor.
Estes dois laboratórios divulgaram que tinham recebido na sexta-feira a autorização da agência federal de segurança dos alimentos e medicamentos (FDA, na sigla em Inglês) para prosseguir com os testes nos EUA.
Estas interrupções temporárias nos testes de medicamentos e vacinas são relativamente comuns. Em pesquisas com milhares de participantes, há a probabilidade de alguns ficarem doentes.
Suspender um estudo permite que os investigadores apurem se a doença é um efeito lateral ou uma coincidência.
Os testes da vacina da AstraZeneca, desenvolvida com a Universidade de Oxford, já recomeçaram no Reino Unido, Brasil, África do Sul e Japão.
O estudo da AstraZeneca envolve 30 mil pessoas nos EUA, com algumas a receberem o ensaio de vacina e outros um placebo.
Os testes foram interrompidos depois um participante britânico ter desenvolvido sintomas neurológicos severos, consistente com uma inflamação rara da espinal medula chamada mielite transversa.
A Johnson & Johnson anunciou, em comunicado, que vai reiniciar em breve o recrutamento nos EUA para o seu estudo da vacina.
Sem revelar a natureza da doença que o seu candidato desenvolveu, a empresa assegurou que "não se encontraram evidências que a candidata a vacina tenha causado o evento".
A Johnson & Johnson acrescentou que está em negociações com outras autoridades reguladoras para retomar os ensaios em outros países.
As vacinas mais promissoras no combate à Covid-19
Laboratórios por todo o mundo estão numa corrida contra o tempo para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus. Há dezenas de equipas a testar várias candidatas a vacina, algumas estão mais avançadas e são promissoras, mas os cientistas avisam que nenhuma deverá estar pronta antes do fim deste ano ou mesmo no próximo ano.
Segundo o London School of Hygiene & Tropical Medicine, (que tem um gráfico que mostra o progresso das experiências) há 248 projetos e 49 estão na fase de ensaios clínicos, sendo que 10 estão na fase III - que consiste na inoculação da vacina em milhares de voluntários a fim de determinar se impede de facto a infeção.
O projeto entre a Universidade de Oxford e a AstraZeneca é um dos mais promissores, a que se juntam os da Pfizer e da BioNTech, da Moderna e de vários projetos chineses, nomeadamente da CanSinoBIO que já obteve autorização para administrar a vacina em militares chineses.
- Pfizer e Moderna querem autorização para vacina contra a covid-19 até ao final de novembro
- Vacina contra a covid-19. Pausas são "a melhor garantia de que os ensaios estão a ser feitos da forma correta"
- Uma das vacinas chinesas contra a Covid-19 testada na Venezuela
- Vacina contra a Covid-19: uma corrida que também é política
- Rússia entra na fase 3 da segunda vacina contra a Covid-19
- Cientistas estudam eficácia de vacina inalada
- "Segurança da vacina é o mais importante"
- Vacina russa contra a Covid-19 chama-se "Sputnik V" e foi pedida por 20 países
Plataforma global COVAX
O mecanismo COVAX é uma plataforma global para o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19, apoiada pela Organização Mundial da Saúde, para um acesso equitativo às vacinas a preços acessíveis.
Participam vários países, instituições e organizações, como a União Europeia.
- China junta-se a plataforma global para desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19
- UE assegura potencial vacina contra a Covid-19 da Johnson & Johnson
- UE assegura 400 milhões de doses de potencial vacina de Oxford contra a Covid-19
- UE reserva 300 milhões de doses da potencial vacina da Sanofi contra a Covid-19
- UE reserva 200 milhões de doses da potencial vacina BioNTech/Pfizer
Mais de 1,1 milhões de mortos no mundo
A pandemia de covid-19 já fez mais de 1.139.406 de mortos e mais de 41.767.540 de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP às 11h00 de hoje.
Pelo menos 28.531.800 foram considerados curados.
Os países mais atingidos pela pandemia:
Os Estados Unidos são o país mais atingido, com 223.059 mortos e 8.411.259 casos.
No Brasil, morreram 155.900 pessoas e há 5.323.630 casos.
A Índia conta 117.306 mortos e 7.761.312 de casos.
O México regista 87.894 mortos e 874.171 casos.
O Reino Unido tem 44.347 mortos e 810.467 casos.
Mais 31 mortes e 2.899 casos de Covid-19 em Portugal
A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou no boletim diário desta sexta-feira que há mais 31 mortes e 2.899 novos casos de Covid-19 em Portugal.
O número de mortes subiu de 2.245 para 2.276, mais 31 do que na quinta-feira, o número mais elevado de óbitos num só dia desde 24 de abril, quando foram anunciadas pela DGS 34 mortes.
O número de infetados subiu de 109.541 para 112.440, mais 2.899 em 24 horas.
Links úteis
- Especial sobre o novo coronavírus / Covid-19
- Covid-19 DGS/Ministério da Saúde - mapa dos números
- Covid-19 DGS - relatórios de situação diários
- Linha SNS24
- Direção-Geral da Saúde (DGS)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças
- London School of Hygiene & Tropical Medicine (gráfico que mostra o progresso dos projetos de vacina)