A farmacêutica chinesa Sinovac Biotech manifestou-se hoje confiante na segurança da sua vacina experimental contra a Covid-19, apesar da suspensão de um ensaio clínico no Brasil após um "efeito adverso grave".
"Estamos confiantes na segurança da vacina", afirma a Sinovac em comunicado.
"Após comunicação com o parceiro brasileiro Instituto Butantan, ficámos a saber que o chefe do Instituto Butantan acredita que esse evento adverso grave (SAE) não está relacionado com a vacina. A Sinovac continuará em comunicação com o Brasil sobre o assunto. O estudo clínico no Brasil é realizado estritamente de acordo com os requisitos GCP e estamos confiantes na segurança da vacina."
Brasil suspende testes da vacina chinesa CoronaVac após um "efeito adverso grave"
A autoridade de saúde do Brasil Anvisa anunciou na segunda-feira que suspendeu os ensaios clínicos de uma candidata a vacina da farmacêutica chinesa SinoVac contra o novo coronavírus após um "efeito adverso grave" com um voluntário, diz em comunicado, sem fornecer mais detalhes.
Na categoria de "evento adverso grave" é incluída a morte, efeitos secundários potencialmente fatais, incapacidade ou invalidez, hospitalização ou outros "eventos clinicamente significativos".
Enfermeira Isabelli Guasso administra a potencial vacina CoronaVac da chinesa Sinovac ao voluntário e médico Luciano Marini no hospital Sao Lucas da Universidade Católica em Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre.
Reuters Photographer
Responsável pelos testes no Brasil surpreendido com a decisão
O órgão público que coordena os testes de vacinas no Brasil, o Instituto Butantan, disse que ficou "surpreendido" com a decisão e dará uma conferência de imprensa às 14:00 (GMT) (mesma hora em Lisboa) de hoje.
A suspensão dos ensaios clínicos da CoronaVac, que envolve nove mil voluntários, ocorreu um dia depois de o gigante farmacêutico norte-americano Pfizer anunciar que a sua vacina contra a covid-19 alcançou 90% de eficácia nos testes.
As vacinas candidatas da Pfizer e Sinovac estão em ensaios da Fase 3, a última fase antes de receberem aprovação regulamentar.
Ambas estão a ser testadas no Brasil, o segundo país mais afetado pela pandemia, com mais de 162.000 mortes.
As vacinas mais promissoras no combate à Covid-19
Laboratórios por todo o mundo estão numa corrida contra o tempo para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus. Há dezenas de equipas a testar várias candidatas a vacina, algumas estão mais avançadas e são promissoras, mas os cientistas avisam que nenhuma deverá estar pronta antes do fim deste ano ou mesmo no próximo ano.
Segundo o London School of Hygiene & Tropical Medicine, (que tem um gráfico que mostra o progresso das experiências) há 259 projetos e 54 estão na fase de ensaios clínicos, sendo que 10 estão na fase III - que consiste na inoculação da vacina em milhares de voluntários a fim de determinar se impede de facto a infeção.
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O projeto entre a Universidade de Oxford e a AstraZeneca é um dos mais promissores, a que se juntam os da Pfizer e da BioNTech, da Moderna, dos laboratórios Sanofi e GSK, de vários projetos chineses, nomeadamente da CanSinoBIO que já obteve autorização para administrar a vacina em militares chineses, a CoronaVac do laboratório SinoVac.
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Plataforma global COVAX
O mecanismo COVAX é uma plataforma global para o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19, apoiada pela Organização Mundial da Saúde, para um acesso equitativo às vacinas a preços acessíveis.
Participam vários países, instituições e organizações, como a União Europeia.
No total, de acordo com os últimos dados oficiais em outubro, 184 países aderiram até agora ao mecanismo internacional de compra e distribuição de vacinas: 92 países de rendimentos baixos e médios que receberão as doses gratuitas e 92 países de " rendimento alto" que passarão pela Covax para se abastecerem, mas terão de pagar pelas doses do próprio bolso.
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Pandemia já matou mais de 1,26 milhões de pessoas no mundo
A pandemia do novo coronavírus matou pelo menos 1.263.890 no mundo desde que a OMS relatou o início da doença no final de dezembro, segundo o levantamento feito pela AFP de fontes oficiais às 11:00 de hoje.
Mais de 50.907.770 casos de contágio pelo SARS-CoV-2 foram oficialmente diagnosticados desde o início da epidemia, dos quais pelo menos 33.121.400 pessoas já foram consideradas curadas.
Os países que registaram o maior número de novas mortes em seus últimos relatórios são a França com 548 novas mortes, Espanha (512) e os Estados Unidos (489).
Os Estados Unidos são o país mais afetado em termos de mortes e casos, com 238.251 mortes para 10.110.552 casos, de acordo com o levantamento da Universidade Johns Hopkins. Pelo menos 3.928.845 pessoas foram declaradas curadas.
Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são Brasil com 162.628 mortes e 5.675.032 casos, a Índia com 127.059 mortes (8.591.730 casos), o México com 95.255 mortes (972.785 casos) e o Reino Unido Unidos com 49.063 mortes (1.213.363 casos).
Entre os países mais atingidos, a Bélgica tem o maior número de mortes em relação à sua população, com 114 mortes por 100.000 habitantes, seguida do Peru (106), Espanha (84), Brasil (77).
A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau) contabilizou oficialmente um total de 86.267 casos (22 novos entre segunda-feira e hoje), incluindo 4.634 mortes e 81.187 pessoas já recuperadas da doença.
A América Latina e o Caribe tiveram um total de 413.838 mortes para 11.673.023 casos relatados hoje às 11:00, a Europa 311.035 mortes (13.031.112 casos), os Estados Unidos e Canadá 248.791 mortes (10.375.229 casos), a Ásia 178.001 mortes (11.126.994 casos), o Médio Oriente 65.666 mortes (2.777.847 casos), a África 45.618 mortes (1.893.627 casos) e a Oceania 941 mortes (29.947 casos).
Portugal com 2,959 mortes e 183.420 casos de Covid-19
A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou no boletim diário desta segunda-feira que há mais 63 mortes e 4096 novos casos de covid-19 em Portugal. No total, o país regista 2.959 vítimas mortais e 183.420 infetados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia.
Estão 391 doentes internados nas Unidades de Cuidados Intensivos e 2651 pessoas internadas em enfermaria. .
A DGS revela que estão ativos 78.378 casos de infeção e foram dados como recuperados 102.083 doentes desde o início da pandemia.
Links úteis
- Especial sobre o novo coronavírus / Covid-19
- Covid-19 DGS/Ministério da Saúde - mapa dos números
- Covid-19 DGS - relatórios de situação diários
- Linha SNS24
- Direção-Geral da Saúde (DGS)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças
- London School of Hygiene & Tropical Medicine (gráfico que mostra o progresso dos projetos de vacina)