O Reino Unido vai lançar um dos maiores testes clínicos da vacina experimental contra o novo coronavírus que está a ser desenvolvida pela empresa farmacêutica Janssen, uma subsidiária da Johnson & Johnson.
O recrutamento de 6 mil voluntários começa esta segunda-feira no Reino Unido para um ensaio que vai durar 12 meses. O objetivo é ainda recrutar até 30 mil pessoas em seis países.
Esta vacina utiliza um vírus da constipação comum geneticamente modificado com uma proteína do novo coronavírus para desencadear uma reação do sistema imunitário e assim "treiná-lo" no combate ao SARS-CoV-2.
Metade dos voluntários receberá duas doses da vacina com cerca de dois meses de intervalo.
A Janssen já fez um ensaio em grande escala desta vacina em que os voluntários recebem uma dose. Este novo teste irá verificar se duas doses fornecem uma imunidade mais forte e duradoura. Pode levar entre seis a nove meses até que os primeiros resultados estejam disponíveis.
As vacinas mais promissoras no combate à Covid-19
Laboratórios por todo o mundo estão numa corrida contra o tempo para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus. Há dezenas de equipas a testar várias candidatas a vacina, algumas estão mais avançadas e são promissoras, mas os cientistas avisam que nenhuma deverá estar pronta antes do fim deste ano ou mesmo no próximo ano.
Segundo o London School of Hygiene & Tropical Medicine, (que tem um gráfico que mostra o progresso das experiências) há 259 projetos e 54 estão na fase de ensaios clínicos, sendo que 11 estão na fase III - que consiste na inoculação da vacina em milhares de voluntários a fim de determinar se impede de facto a infeção.
O projeto da Pfizer e da BioNTech é um dos mais promissores, a que se juntam os da Universidade de Oxford e a AstraZeneca, da Moderna, dos laboratórios Sanofi e GSK, de vários projetos chineses, nomeadamente da CanSinoBIO e a CoronaVac do laboratório SinoVac.
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Plataforma global COVAX
O mecanismo COVAX é uma plataforma global para o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19, apoiada pela Organização Mundial da Saúde, para um acesso equitativo às vacinas a preços acessíveis.
Participam vários países, instituições e organizações, como a União Europeia.
No total, de acordo com os últimos dados oficiais em outubro, 184 países aderiram até agora ao mecanismo internacional de compra e distribuição de vacinas: 92 países de rendimentos baixos e médios que receberão as doses gratuitas e 92 países de " rendimento alto" que passarão pela Covax para se abastecerem, mas terão de pagar pelas doses do próprio bolso.
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Avanços na vacina e tratamento contra a Covid-19
Na segunda semana de novembro várias boas notícias foram chegando sobre os avanços no desenvolvimento de uma vacina contra o SARS-CoV-2 bem como um tratamento novo.
► A farmacêutica norte-americana Pfizer anunciou na segunda-feira que a sua vacina contra a Covid-19 alcançou 90% de eficácia nos testes.
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► Nesse mesmo dia 9 de novembro, o porta-voz do ministro da Saúde da Rússia veio assegurar que a vacina que está a ser desenvolvida no país - a Sputnik V - tem uma taxa de eficácia superior a 90% e no dia seguinte Putin garantiu que "todas as vacinas russas contra a Covid-19 são eficazes"
► Ainda nesse dia, o ensaio clínico da potencial vacina CoronaVac da chinesa Sinovac foi suspenso no Brasil devido a "efeito adverso grave.", embora a empresa chinesa reafirme a confiança no produto, indicando que o efeito secundário não está relacionado com a vacina. Os testes foram retomados no dia 11.
► Na quarta-feira, a vice-Presidente russa anunciou que os testes clínicos da segunda vacina russa contra a Covid-19, a EpiVacCorona que está a ser desenvolvida pelo Instituto Vector, vão começar a 15 de novembro,
► Ainda na segunda-feira, mas já terça em Portugal, a agência norte-americana do medicamento (FDA) deu uma autorização de utilização de emergência e temporária de um medicamento experimental para a Covid-19 fabricado pela Eli Lilly, mas apenas para doentes com sintomas ligeiros ou moderados e não para hospitalizados a necessitar de oxigénio.
O tratamento experimental com anticorpos sintéticos é o primeiro especificamente desenvolvido para o novo coronavírus.
Mais de 54 milhões de pessoas no mundo estão infetadas com covid-19
A pandemia de covid-19 já fez pelo menos 1.3 milhões de mortos e mais de 54 milhões de infetados em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Os Estados Unidos são o país mais atingido com 246.101 mortos, seguido do Brasil (165.798 mortos), Índia (129.635 mortos), México (98.259 mortos) e Reino Unido (51.766 mortos).
França alcançou no domingo os dois milhões de casos desde o início da pandemia.
Portugal com 3.381 mortes e 217.301 casos de Covid-19
A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou no boletim diário deste domingo que há mais 76 mortes e 6.035 novos casos de Covid-19 em Portugal.
Nas últimas 24 horas estão mais 2 doentes internados nas Unidades de Cuidados Intensivos, totalizando 415. Em relação aos internamentos em enfermaria estão 2.929 pessoas internadas, mais 131 do que no sábado.
A DGS revela que estão ativos 88.854 casos de infeção, mais 3.410 do que no sábado. Foram dados como recuperadas mais 2.549 pessoas, totalizando 125.066 desde o início da pandemia.
Links úteis
- Especial sobre o novo coronavírus / Covid-19
- Covid-19 DGS/Ministério da Saúde - mapa dos números
- Covid-19 DGS - relatórios de situação diários
- Linha SNS24
- Direção-Geral da Saúde (DGS)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças
- London School of Hygiene & Tropical Medicine (gráfico que mostra o progresso dos projetos de vacina)